Blog de Luís Fontinha. Nasceu em Luanda a 23/01/1966 e reside em Alijó - Portugal desde Setembro de 1971. Desenhador de construção civil, estudou Eng. Mecânica na ESTiG. Escreve, pinta, apaixonado por livros e cachimbos...

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Mai 11

Hoje olhei-me ao espelho, não reconheci a imagem reflectida, aguardei uns segundos, abri e fechei os olhos, voltei a olhar, e o que vi não foi o meu rosto, vi o meu cansaço impresso na luz, vi as minhas mãos penduradas no guarda-fatos, e vi à minha volta os pássaros da manhã saltitando na janela do meu quarto.

 

Pergunto-me o que foi feito do meu rosto durante a noite, pergunto-me onde estará neste preciso momento o meu rosto, entretanto calculei que o meu rosto voltasse a mim, corri para o espelho do meu quarto, mas em vão, o meu rosto desapareceu para sempre, ausentou-se na noite, cansou-se do meu corpo.

 

E eu, e eu já há muito que tinha deixado o meu esqueleto arrumado dentro do guarda-fatos, agora tenho lá as minhas mão penduradas, e o meu rosto, o meu rosto voou antes de acordar a manhã, hoje olhei-me ao espelho, não reconheci a imagem reflectida, aguardei uns segundos, abri e fechei os olhos, voltei a olhar, voltei a olhar e chego à conclusão que o meu corpo anda disperso por vários locais, e será difícil, vai ser impossível voltar a ser eu.

 

 

Luís Fontinha

11 de Maio de 2011

Alijó

publicado por Francisco Luís Fontinha às 10:36

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