Sou um náufrago
Enrolado nas guelras do mar
Cada vez mais distante de terra
Não oiço as gaivotas
E nas minhas mãos crescem algas
Que não me deixam acenar à maré
Sou um náufrago
E agarro-me nas palavras que o vento transporta
Quando a tempestade emerge nos meus olhos
E no fundo do mar adormecem calmamente
Enterram-se na areia
Alimentam os peixes com fome
Brincam como se fossem crianças…
Mas a mim, as palavras, não servem de nada…
São apenas palavras
Bem escritas
Ou mal escritas
Palavras enterradas na areia
Palavras que alimentam peixes
E eu não como palavras…
Como os peixes.
Luís Fontinha
12 de Maio de 2011
Alijó