Blog de Luís Fontinha. Nasceu em Luanda a 23/01/1966 e reside em Alijó - Portugal desde Setembro de 1971. Desenhador de construção civil, estudou Eng. Mecânica na ESTiG. Escreve, pinta, apaixonado por livros e cachimbos...

08
Fev 15

São horas de acordar, a noite camuflada nas ombreiras da solidão levita entre mim e o espelho sifilítico da memória, sinto na minha algibeira a praia da infância, olho nos teus olhos o medo de me perderes..., e sabes que nasci perdido, nasci numa cidade de sombras, cacimbo e insónias,

Os teus gemidos,

Hoje?

Palavras travestidas de amor que os braços do prazer acariciam, amam, Hoje? Os teus gemidos de prata rodopiando a lareira do amanhecer, vou à janela, e grito o teu nome

Hoje?

Não existes, és como a cidade da minha adolescência, sem horários, sem morada fixa, ou... ou número de polícia, e as tuas cartas encontravam-me no amontoado de escombros com cheiro a poesia,

Eu, eu tremia,

São horas de pegar tua mão e beijá-la, como se beijam as cartas adornadas com corações e flores perfumadas, e eu

A Poesia,

E eu igual ao espelho que vive no meu quarto e me acompanha nas manhãs de Primavera,

O teu corpo sempre igual, escultura abstracta da caligrafia envenenada pelo sexo embainhado nas canções de viver,

A Poesia...!

Morreu,

E o poeta...

 

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

Sábado, 7 de Fevereiro de 2015

publicado por Francisco Luís Fontinha às 00:42

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