Não tenho tempo para a vida
Não sou capaz de ouvir os pássaros na alvorada
Sou um sonâmbulo encapuçado
Um amontoado de ossos em peregrinação pela estrada
Espero a morte junto ao cais
Na companhia dos barcos ancorados à maré…
E do mar vem até mim os lábios de uma flor
E para o mar vai o meu corpo sem fé
Empacotado num caixote de madeira
E apenas com bilhete de ida…
Não sei se o meu corpo tem coragem de mergulhar até ao fundo do mar
Mas tenho a certeza que não tenho tempo para a vida.
Luís Fontinha
15 de Maio de 2011
Alijó