Obliquamente encosto-me às palavras
Que vou semeando nos meus olhos
E quando das palavras se constrói uma frase
A frase enterra-se nos meus braços
Mas sem antes passar pelos meus lábios
Enrolar-se no meu cigarro…
Misturam-se as palavras e o fumo
E o texto alicerça-se na janela para o mar
Obliquamente encosto-me às palavras
Que vou semeando nos meus olhos
Mas até as palavras começam a escassear
E sem palavras não frases
E eu não sei viver sem palavras
Que em frases
Me alimentam e não me deixam morrer…
Tirem-me tudo
Ponham-me na prisão…
Mas não me tirem as frases
Não me ausentem das palavras.
Luís Fontinha
21 de Maio de 2011
Alijó