Tenho qualquer coisa de estranho dentro de mim
Uma angústia que me pica
Dois vectores que habitam o meu corpo
Adiciono-os e multiplico-os
E nas minhas costas cresce uma matriz transposta
Ordinária que durante a noite me acorda
Tenho qualquer coisa de estranho
E o estranho sou eu
São as minhas mãos
Os meus braços
São os meus lábios…
Porque tudo o que me pertence
É estranho
Simples como a noite
Objectos suspensos na minha janela
Quando o meu quarto nem janela possui
Quando eu sem quarto
Porque a minha casa é estranha
E às vezes sinto que ela em lágrimas
Sorri para a rua
Tenho qualquer coisa de estranho dentro de mim
Uma angústia que me pica
E hoje chuva
E hoje nuvens
E hoje eu estranho
Dentro da angústia que me pica…
Luís Fontinha
26 de Maio de 2011
Alijó