Sento-me e olho o rio
O mesmo rio que no passado
Testemunhou as minhas lágrimas
O mesmo rio que no presente
Corre nas minhas veias
E às vezes
Às vezes sinto o vinte e oito
Apressadamente nas minhas costas
Rumo a Moscavide
Passagem por Alcântara
Mistura-se nos carris em Santa Apolónia…
E em frente em frente um paquete que me espera
E me engole na noite
Sento-me e olho o rio
E do rio absorvo o silêncio
No rio o meu corpo suspenso numa manhã de Lisboa…
Luís Fontinha
27 de Maio de 2011
Alijó