Sou prisioneiro da miséria
Engomado pelas nuvens em revolta
Sou mendigo revoltado
Nas montras de café à minha volta,
Sou presente envenenado
E distribuído pela manhã às árvores vagabundas
Milhares de pássaros suspensos nos meus olhos
Nas minhas mãos sujas nas minhas mãos imundas,
Quem quer um desempregado
Quem quer um monstro escondido numa folha de papel…
Quem quer palavras comer
Palavras cansadas palavras amarradas por um cordel
À minha espera no portão de Luanda,
Quem me quer quem me quer
Folha de plátano nos meus lábios sedados
E envenenados por sílabas de aluguer,
Canso-me nas ruas da cidade
Farto-me da prisão Portugal
Sou prisioneiro da miséria…
Sou homem ou sou animal?
Luís Fontinha
29 de Maio de 2011
Alijó