A rua em movimento
Nas pessoas silêncios pendurados nos lábios
Tosse convulsa emerge da boca de uma árvore
E parvo eu
Que ainda acredito que o mar vem até mim
Acredito que da maré vão crescer desejos
Abraços no fim de tarde
E parvo eu
Tão parvo
Junto ao cais à espera de embarque
E parvo eu
Pedindo às gaivotas que os ponteiros do relógio cessem
Diminuam na claridade dos lençóis amarrotados
Quando a minha cama se recusa a adormecer o meu corpo
Quando no meu quarto as gaivotas
Poisam no meu peito
E do meu corpo acorda o cheiro a cadáver
A pó que o mar quer engolir
E parvo eu
Tão parvo
Indiferente à rua em movimento
Nas pessoas silêncios pendurados nos lábios
Das pessoas passos de monstro
Nas pessoas… sorrisos devastados.
Luís Fontinha
30 de Maio de 2011
Alijó