Encantam-me os desencantos da manhã
O abrir da janela e ao fundo da rua
O mar
A manhã despida nua
E na espuma da ondas
O silêncio de estar sentado
O desencanto das ruas em construção
A sombra que me aperta o peito amargurado
Um peso de escuridão
Dentro do meu corpo suspenso num baloiço
O meu corpo tocado pelo vento
O meu corpo um coração que já não oiço
Ferido velho espetado num sorriso de mendigo
E da manhã vejo crescer a tempestade
As nuvens que se deitam na minha boca
A manhã em desencanto sem vaidade
A manhã ao fundo da rua
E num candeeiro uma sombra de luz emagrecida
Esqueletos da noite
Esqueletos sem vida.
Luís Fontinha
3 de Junho de 2011
Alijó