Blog de Luís Fontinha. Nasceu em Luanda a 23/01/1966 e reside em Alijó - Portugal desde Setembro de 1971. Desenhador de construção civil, estudou Eng. Mecânica na ESTiG. Escreve, pinta, apaixonado por livros e cachimbos...

22
Nov 14

Queimaste a insígnia da paixão no sonífero adeus da tempestade,

dormes profundamente só...

e te alimentas das insignificantes metáforas da saudade,

trazes nas lágrimas uma canção por escrever,

um poema se ergue na tua mão,

e sem o saberes...

habitas na calandra encaixotada do sofrimento,

não sei se algum dia serei teu,

não sei... não sei se lá fora há sol ou escuridão,

se é dia,

noite...

ou... uma mistura de tons com odor a infância,

um barco encalha nos teus seios,

transpiras... gemes as sílabas do prazer,

esperas pelo nascer da madrugada,

quando hoje não haverá madrugada,

quando hoje... não acontecerá nada...

se é dia,

noite...

ou... ou um pincel disparado pela espingarda da solidão,

e se entranha no teu sorriso...

e no entanto,

queimaste a insígnia da paixão,

como quem apaga um cigarro depois de te amar.

 

 

 

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

Sábado, 22 de Novembro de 2014

publicado por Francisco Luís Fontinha às 16:08

25
Jun 14

Desejo o coração de arroz doce que habita em ti,

desejo-te sabendo que é impossível desejar-te,

amo-te sabendo que...

é impossível amar-te,

acaricio-te sem te acariciar,

poema vagabundo,

texto de ficção não revisto,

palavras,

palavras de vidro espetadas nas tuas pálpebras de azoto,

desejo o coração, aquele que está encerrado na caixinha de vinil,

transparente como as lágrimas do luar,

perdidamente triste esperando o sol junto ao leito do rio,

 

Desejo não desejando,

 

Desejo o teu coração como desejo os versos de uma canção,

melódica,

poética...

apaixonada pelo agreste amanhecer dos dias sem madrugada,

 

Desejo não desejando,

desejar que me desejes, desejar que amanhã um relógio de pulso se canse,

e grite...

morra o tédio,

 

Desejo não desejando,

 

O coração de arroz doce que habita em ti,

os pedacinhos de saudade que voam sobre o Tejo adormecido,

desejo todas as pedras da calçada,

aquela..., aquela onde andei perdido,

desesperado,

quando cambaleava ao som de uma prostituta sem nome,

deitava-se e..., desejava-te não o sabendo,

havia lâmpadas no teu olhar,

havia livros nos teus braços,

nos seios teus de encantar...

Desejo não desejando,

que um dia apareças... apareças sem me avisar.

 

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

Quarta-feira, 25 de Junho de 2014

publicado por Francisco Luís Fontinha às 21:25

14
Jun 14

(para Oumara Moctar Bambino)

 

 

Não me encontro neste labirinto de palavras,

precisava de uma lanterna invisível, pequeníssima e frágil,

uma lanterna que me guiasse quando viajo nos olhos de gaivota “AMAR”,

perco-me, desejo-me e desejo-te, quando te transformas em mar, e eu,

e eu, eu me transformo em neblina sem som, em carcaça encalhada...

não me encontro, não, não existe no teu sorriso uma canção,

 

(oiço o Oumara Moctar Bambino)

(Feliz porque o oiço)

 

Não me encontro e perco-me nos teus lábios, meu Amor sonâmbulo,

sou um ponto algures no espaço, em rotação,

sei que das tuas lágrimas crescem gaivotas de “AMAR”,

gaivotas lindíssimas, gaivotas com sabor a mel,

gaivotas..., gaivotas de papel,

como silêncios embebidos nas nocturnas madrugadas sem nome,

 

Insignificantes, estes braços que te abraçam,

estes olhos que te absorvem como as tempestades de paixão,

sou quase engolido pelo teu coração,

feliz... feliz porque o oiço, porque... porque a música dele é poema vadio, é poema rebelde,

porque o oiço, porque a sua música me provoca uma translação,

e voo, e voo... até aos sonhos do Tejo,

não me encontro, não tenho medo das tuas coxas quando ele entra em nós, e somos dois pássaros em suspensão, brincando nos lençóis da tua pele, e voo...

até me cansar,

e voo... voo para te encontrar,

gaivota, minha gaivota de “AMAR”

minha gaivota com sabor a Aurora Boreal...

… minha gaivota irreal,

 

(oiço o Oumara Moctar Bambino)

(Feliz porque o oiço)

 

Não me encontro, e só te observo em sonho,

imagem transparente dos espelhos embriagados,

não, não me encontro, não... não no centro das palavras,

objectos, cacos, cacos e carcaças apodrecidas...

e esqueletos doirados das tardes intermináveis,

tardes em que o teu corpo era poesia...

 

POESIA NUA DESPIDA... POESIA, POESIA EM DESPEDIDA.

 

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

Sábado, 14 de Junho de 2014

publicado por Francisco Luís Fontinha às 21:57

24
Dez 12

Achas-te superior

indigente

com falta de amor

como muita gente,

 

achas-te superior

rainha das coisas boas

montanha de luz

achas-te uma flor

uma simples flor

com pernas de cansaço

e braços

aos abraços

oiço o balançar da porta de entrada

truz truz truz

ninguém será certamente para me dar nada

nem uma simples corda de aço,

 

um prato com sopa de legumes encarnados

vinho do porto velho como os pássaros com asas de mar

(achas-te superior

indigente

com falta de amor

como muita gente)

e às vezes

multiplicam-se as manhãs de inverno

cresce o inferno

maré de marinheiro

quando eu sentado no barbeiro

penso solitariamente nas nuvens de barbear,

 

sinto-te em espuma no meu rosto envelhecido

e das saudades

as pequenas saudades

correr amar correr livremente

e voar

e amar

voar até cair nos teus braços

abraços

uma corda de aço

do tão construído cansaço

a espuma de ti mergulhada no meu simples desenho da alvorada

e tão triste e tão só tudo aquilo que foi esquecido,

 

achas-te superior

indigente

com falta de amor

como muita gente,

 

mas continuarás a ser uma resma de palavras

sem nexo

moribundas quando a mergulhada canção de amor

não é uma flor

é uma canção

que sofre

que dói

e mói

as pedras finas da calçada dos amores proibidos

e dói

mói

a doçura tristeza do desejo.

 

(não revisto)

@Francisco Luís Fontinha

publicado por Francisco Luís Fontinha às 22:47

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