Blog de Luís Fontinha. Nasceu em Luanda a 23/01/1966 e reside em Alijó - Portugal desde Setembro de 1971. Desenhador de construção civil, estudou Eng. Mecânica na ESTiG. Escreve, pinta, apaixonado por livros e cachimbos...

25
Jun 12

Tenho dias de inverno

de inferno noite

tenho dias sem noite

e noites em dias

tenho horas com rios

e dias

noites dela em cio

tenho dias em dias

rio nas mãos do mar

dias de inverno

em inferno noite

e dias de dias às noites

 

tenho dias de inverno

de inferno noite

 

tenho dias à janela

outros dias

com a corda suspensa no mar

tenho dias de inferno

e noite de inverno

dias em dias dos dias de amar

 

e tenho dias com poesia

e dias que não consigo acordar

dias aos dias outros dias

dias sem trabalhar.

publicado por Francisco Luís Fontinha às 18:43

19
Jun 12

Os homens desabitados

procuram pacientemente

as lâmpadas de néon

que sobejaram da noite

 

(não me dão trabalho

porque um qualquer parvalhão

ou parvalhão

acredita que por eu ter 4 blogues

escrever poesia

e inventar marés nas margens de uma sebenta...

sou um incompetente)

 

os homens sentados sobre as marés

de algodão

pacientemente à pesca de barcos e ponteiros

de um relógio de bolso

 

(… sou um incompetente, o que não é verdade)

 

estou triste

mas não me sinto só

nem abandonado

 

os homens desabitados

procuram

como eu

trabalho dentro das mãos do mar

 

os homens

os homens desabitados

(estou triste

mas não me sinto só

nem abandonado)

porque tenho 4 blogues

escrevo poesia

e invento marés nas margens de uma sebenta...

 

muito triste

eu

tão triste

e não abandonado.

publicado por Francisco Luís Fontinha às 18:43

30
Abr 12

Também sou humano

tenho pernas e braços

e preciso de comer,

também sou humano

tenho pernas e braços

e preciso de viver,

 

também sou humano

tenho pernas e braços

e preciso de caminhar,

também sou humano

tenho pernas e braços

e preciso de trabalhar.

publicado por Francisco Luís Fontinha às 12:19

17
Abr 12

Não vale a pena escreverem no google “Luís Fontinha pinturas”, não sou pintor, não sou escritor, apenas faço parte dos 15% de desempregados... e a aumentar.

publicado por Francisco Luís Fontinha às 23:11

09
Abr 12

Meu querido irmão,

Por aqui tudo igual como no jornal,

As notícias de sempre DESEMPREGO CRISE CRISE DESEMPREGO DESEMPREGO uma loucura meu querido João,

FOME DESEMPREGO CRISE FOME e que a senhora não sei das quantas retirou as rugas como se essa merda me interessasse para alguma coisa, uma loucura meu querido João, e o dinheiro mal dá para o pão quanto mais para esconder a merda das rugas,

Olha Meu irmão Comprei um burrinho em Miranda do Douro, é giro e engraçadinho, e sempre se poupa alguns aéreos em combustível, e depois de inaugurado o IC5 é um instantinho e zás, estamos em Espanha, Vais gostar de o ver e logo que possível envio-te a foto e até podes colocar no mural do teu Facebook O BURRINHO DO MEU MANO, vai ser giro,

As galinhas morreram devido aos elevados custo de produção e trocando por miúdos Foram-se Morreram de fome, quanto à coelha está outra vez prenha, impressionante, não faz outra coisa…

De tarde fui visitar o nosso primo Augusto e na revista do jornal um cromo perguntava, Não meu querido João, Essa do beijo se está grávida já tem barbas, Que não aguentava fazer amor tantas vezes por dia, não acreditas?, mas infelizmente é verdade, e tem três hipóteses VIAGRA OFERECER UM VIBRADOR À DITA PELO NATAL ou TELEFONAR E PEDIR AJUDA AOS AMIGOS, Não é para isso que servem os amigos Meu querido João?

Meu querido João Por aqui tudo igual como no jornal, e cada vez pior…

Nem me interessam as rugas da senhora nem

 

“lá fora mário

longe da memória lisboa ressona esquecendo

quem perdeu o barco das duas ou se aquele que caminha

será atropelado ao amanhecer ou se o soldado

que falhou o degrau do eléctrico para a ajuda fode

ou ajuda ou não ajuda e se lisboa num vão de escadas

é isto

tão triste mário sobre o tejo um apito” (AL Berto)

O que me interessa mesmo Meu querido João é encontrar trabalho.

Abraço,

Francisco

 

(texto de ficção não revisto)

publicado por Francisco Luís Fontinha às 21:51

06
Abr 12

É tudo tão estranho Mãe,

As árvores parecem acorrentadas às tardes de outono, os pássaros desassossegados enlouquecem e começam à cabeçada aos desempregados, à cabeçada aos ciganos e aos pretos e aos estrangeiros, Tão triste Mãe,

Como se estes fossem os problemas deste país, como se quatro feriados fossem o problema deste país, Mãe,

E este país parece a “a conjetura de hodge” às cabeçadas à maré quando se levanta a fome e percorre todos os compartimentos do palheiro, insiro a moeda na ranhura, um fio de sémen vai à china, entra no servidor

- Tem saldo pode dar à luz,

Entra no servidor e após um pedacinho de espera, e , e ilumina-se todo o palheiro, Fantástico Mãe,

Ainda bem que já partiste Mãe, ainda bem,

- Porque garanto-te que aqui é mil vezes pior do que o sítio onde estás, mil vezes pior, olha… muito pior de que quando caíram todas as nuvens sobre o nosso quintal em luanda, e muito pior de que a nossa chegada a lisboa e ainda havia tejo, “Vende-se Rio no centro de lisboa”,

Foda-se Vão vender o rio…

- Eles vão vender as gaivotas Mãe, inserias a moeda de vinte e cinco escudos na ranhura e do outro lado uma gaja nua dançava feita louca, Que saudades Mãe Que saudades to tempo em que ainda existiam moedas na algibeira,

Não sejas Parvalhão Meu Filho vão agora vender as gaivotas!,

- As gaivotas voam não é Mãe?, E que sim Que as gaivotas voavam sobre o rio e que o pôr-do-sol era tão lindo,

Tão lindo Mãe o pôr-do-sol visto junto ao tejo, insiro a moeda na ranhura, um fio de sémen vai à china, entra no servidor Vendido ao senhor de olhos em bico, como se os problemas deste país fossem os pássaros desassossegados enlouquecidos à cabeçada aos desempregados, à cabeçada aos ciganos e aos pretos e aos estrangeiros, Tão triste Mãe,

- Deus só fez os brancos Mãe?,

Vende-se Rio no Centro de lisboa.

 

(texto de ficção não revisto)

publicado por Francisco Luís Fontinha às 22:22

05
Abr 12

 

E eu cobri-o com o linho lençol das páginas de um livro, retirei todas as palavras e semeei-as nas entranhas da terra, chovia agrestemente nas mãos esbranquiçadas da fome que alimentavam a madrugada, e eu cobri-o

- De que me servem os livros, de que me serve o dia e a noite e os círculos suspensos no infinito da geometria desvairada dos olhos, de que me serve a janela virada para o mar se eu, se eu não consigo ultrapassar a janela e abraçar o mar,

E eu cobri-o com o linho lençol das páginas de um livro, ele desarrumado na tempestade longínqua da cidade, perdido dentro da montanha antes de nascer o sol, De que me servem os livros, o dia e a noite, a trigonometria em paixões avassaladoras nas flores da primavera e uma mulher tropeça numa pétala, Tão lindas as rosas, e os crisântemos tão lindos nos cravos de abril e de todos os meses do ano,

- Vendem-se corpos em fatias de pão, ouvem-se nas claraboias do silêncio os gemidos de um menino deixado estacionado num vão de escada, ele chora e procura o cão de infância,

Qual infância Pergunto-lhe antes de lhe poisar a mão sobre o linho lençol das páginas de um livro, A infância que se transformou em noite?, e tudo, Tudo estórias que ouvi da boca de um louco,

Do not cover, sabendo eu que a janela que me separa do dia nunca mais se abrirá, como as rosas depois de morrerem, ou, ou como a lua nas mãos da Cinderela, Qual infância questionava-se a boca do louco entre as grades imaginárias da enfermaria, e hoje tenho um medicamento novo e adormeço suavemente como as garças pintadas na paisagem, as grades de aço travestem os meus olhos verdes de papel de embrulho, um cachucho saltita no avental do rapazinho sem sonhos, e sei que na algibeira esconde religiosamente um cordel e um pião de madeira, e sobre o soalho transporta os pesadíssimos socos,

- É fodido ser pobre e não ter sonhos…,

Mais fodio é morrer antes de nascer Da boca do louco as palavras que semeei nas entranhas da terra, e hoje crescem poemas mortos, esqueletos sem sílabas, ruas sem saída, miséria, fome, alegria…

Somos todos felizes neste país!!!!!

- É fodido ser pobre e não ter sonhos…,

Quando o linho lençol de um livro desaparece na neblina da insónia, quando os olhos do rapazinho e os lábios do menino são sequestrados pela maré, quando todo o mar finge não ser mar, e a terra engole todas as palavras e todos os sonhos…

(que louco vai cobrir um radiador a óleo?)

 

(texto de ficção não revisto)

publicado por Francisco Luís Fontinha às 22:10

Sou um menino mal comportado

Sem algibeira

E desempregado,

 

Sou um artista de circo de feira em feira

Umas vezes contente

Outras vezes magoado,

 

Sou um gajo cansado

Cansado de ver gente

Sou em menino mal comportado

E desempregado

Que de feira em feira

Vive alegremente.

publicado por Francisco Luís Fontinha às 11:34

04
Fev 12

 

O meu blog é muito inteligente, não só me diz o número de visitantes como também a origem das visitas e as palavras-chave e respetivas fontes de trafego.

Um curioso ou curiosa escreveu no Google “Francisco Fontinha PCP” e quanto a isso nada de especial, porque nunca escondi que fui militante do Partido Comunista Português como também nunca escondi outras coisas, mas preocupo-me qual a razão desta busca; para satisfazer curiosidades alheias fica aqui a reprodução do cartaz de candidato à câmara municipal de Alijó pela CDU.

E agora recordo-me da senhora que quando me viu sorriu e disse,

- Conheço-o de algum lado!

Possivelmente de estar pendurado nalgum poste de iluminação ao que lhe respondeu um amigo meu, e a senhora muito admirada Porquê um poste de iluminação?

- Porque ele foi candidato pela CDU e passaste nalgum local onde estava o cartaz dele suspenso num poste de iluminação ou árvore Respondeu-lhe o meu amigo.

E por falar em postes de iluminação e árvores certamente alguns gostariam de me ver pendurado de corda ao pescoço, mas enganem-se, porque por muito miserável que seja a minha vida percebo enquanto visito o meu primo Augusto que existem pessoas a lutar pela vida, e não estamos em tempos de crises existenciais.

Percebo que por ter sido militante do PCP me tem sido difícil encontrar trabalho, porque há pessoas que não entendem que uma coisa nada tem a ver com a outra, percebo que por escrever e desenhar me tem prejudicado na procura de trabalho, porque há pessoas que devem pensar que sou maluquinho ou atrasado mental, e agora percebo o senhor reformado que se queixa da misera reforma e enquanto dorme devaneia aos gritos,

- Estou Teso Estou Teso Estou Teso…

A esposa acorda, poisa-lhe a mão sobre o coiso… e coiso nenhum, o coiso em banhos no Tejo.

A destinta senhora, Marilú, abana a cabeça e indignada diz-lhe,

- Meu querido marido Até a dormir és mentiroso.

E quase a terminar este texto fico sem perceber a curiosidade de alguém escrever no Google “Francisco Fontinha PCP”, mas uma coisa é certa, ando Todos os dias Teso e não minto enquanto durmo.

publicado por Francisco Luís Fontinha às 00:29

21
Jan 12
publicado por Francisco Luís Fontinha às 13:46

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