Este inferno
Dos barcos amordaçados
Que entram e saem
Dos meus braços cansados,
E das minhas mãos
Acordam as nuvens sem destino
Finco os olhos no espelho
E vejo-me menino
Nas ruas desertas da morte
Nos quintais empalhados pela sombra das mangueiras
Porquê, porquê esta vida sem sorte
Na sombra das oliveiras.
Este inferno
Na vida sem sentido na vida desgraçada
Eu, uma árvores inclinada na tarde,
Eu, uma flor desfolhada
Levada pelo vento e atirada ao mar,
Dos barcos amordaçados
As minhas pétalas em lágrimas de luar
Os meus olhos nas rochas encalhados…