Blog de Luís Fontinha. Nasceu em Luanda a 23/01/1966 e reside em Alijó - Portugal desde Setembro de 1971. Desenhador de construção civil, estudou Eng. Mecânica na ESTiG. Escreve, pinta, apaixonado por livros e cachimbos...

07
Ago 15

Sinto as garras dos teus ossos no pano encarnado da minha solidão,

Quero fugir do teu olhar,

Sem sorrir, nunca sorrir…

Partir,

Em direcção ao mar,

Descalço,

Bandido…

Anexo perdido sobre uma secretária de vidro,

Hoje,

Partir,

Sentir dentro de mim a alegria do luar,

Quero,

 

Sem sorrir…

Partir,

Fugir dos teus lábios,

 

Afogar-me nas tuas coxas rochosas,

 

Quero,

 

Sentir,

 

Partir…

 

Fugir…

 

E sinto,

E minto,

 

Às amoreiras em flor

E às pedras chorosas,

 

E sinto, meu amor,

Que a terra é uma lápide de lágrimas,

De dor,

E pedras preciosas encharcadas…

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

Sexta-feira, 7 de Agosto de 2015

publicado por Francisco Luís Fontinha às 17:43

18
Abr 15

Hoje

Conversei com a noite

Como estás?

Há tanto tempo que não te via…

Estou

Aqui

Estou bem

Obrigado

Percebo que o amor

É um poema de “merda”

Amar é sofrer

Preferia resolver

 

Equações complexas

Davam-me mais prazer

E não tinha medo de perder…

Aquilo que nunca tive

Regressar a ti

Aos teus braços de constelação apaixonada

A essência dos delírios em Cais do Sodré

Não é

Meu amor

O passado

Uma fotografia do futuro?

O amor é orgasmo

 

(li hoje num poema de uma amiga)

O amor é orgasmo

É silêncio

Na boca da esperança

Perdia-a

Perdi-me

Nas tuas avenidas

De luz

Com pontes

As matrizes

Deambulando nos teus seios

Os dardos do sofrimento

 

Todos

Eles

No meu peito de granito

Perdi as lágrimas

E o futuro

Vivo

Acreditando que não vivo

Escrevo

Mas sei que não escrevo

Tenho medo

Daquilo que os outros pensam

É maluquinho…

 

Poemas de amor…

Já ninguém os escreve

Há nas ruas da minha solidão

O fantasma da velhice

Acordar

E

Deitar

Só…

Os alfinetes da saudade

Imaginados

Nas nádegas dos orgasmos invisíveis…

Aiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii

 

Os cortinados envenenados pela paixão

Meu amor

Nas nádegas o sorriso da censura

Nada espero de ti

Porque nunca esperei nada

De nada

Apenas dos orgasmos meu amor

Das palavras

Entre palavras

Dois corpos de palavras

O amor

Os solitários

 

Os beijos desenhados nas cancelas da madrugada

Não encontra o número do cubículo

Procura na algibeira as chaves do púbis enganado

Ele

Desempregado

Das palavras

Entre palavras

Gemidos

Aiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii

E a vida termina…

Numa ruela

Sem… sem saída.

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

Sábado, 18 de Abril de 2015

publicado por Francisco Luís Fontinha às 00:25

27
Jan 15

Porto, 27 de Janeiro de 2015

 

 

Não te oiço

olho os pássaros suspensos nas árvores

e imagino-te um poema em construção

não te oiço

mas sinto o ranger do teu corpo

como um comboio descontrolado

triste...

tão triste que não sabe o significado da dor

tão triste... que se aprisiona no silêncio de um longínquo corredor

tens nos olhos a noite estampada

e não existem estrelas nas tuas mãos...

nem luar no teu sorriso

não te oiço

invento horas num relógio imaginário

os dias

as manhãs

tudo não passa de um sonho

e não te oiço

meu querido

porque imagino-me nos teus braços

passeando as ruas de Luanda

víamos os barcos

e as sanzalas...

sem que eu percebesse o que era a morte.

 

 

Francisco Luís Fontinha

publicado por Francisco Luís Fontinha às 22:49

10
Ago 14

Há na tua voz um malmequer apaixonado,

um triângulo equilátero em desejo,

há nos teus lábios um jardim profanado,

uma árvore vestida de beijo...

há na tua voz um corpo cansado,

uma mão atrevida que semeia nos teus seios a liberdade,

há na tua boca o silêncio magoado,

que constrói madrugadas e jangadas envidraçadas,

o teu corpo arde, o teu corpo mistura-se com as serpentes envenenadas...

há no teu olhar um Oceano de saudade,

uma canção perdida na cidade,

há na tua voz um malmequer apaixonado..., um sorriso de criança procurando a felicidade!

 

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

Domingo, 10 de Agosto de 2014

publicado por Francisco Luís Fontinha às 14:37

04
Ago 14

Saber amar-te… é não perceber a razão de existir,

É mais fácil resolver uma equação diferencial… do que saber amar-te,

Escrever-te sabendo que nada lês do que escrevo,

Porque não tens tempo, porque pertences ao grupo que me apelida de louco…

Um coitadinho, um coitadinho que se julga poeta,

Pois eu não sou poeta, pois eu não sou escritor,

Pois eu… ai como eu gostava de saber amar-te…

Eu não sou artista, não sou nada,

Sou um que vagueia nas ruas inventadas por um louco igual a mim,

Julgava que era porta,

Dizia-se escritor, artista…

E… e morreu num banco de jardim,

 

Como eu vou morrer,

 

Saber amar-te sabendo que o amor é um círculo de luz,

Um espelho sombreado quando desce a noite sobre os teus seios,

Saber amar-te eu gostava, esforço-me… mas… mas a vida é uma vaidade,

E o amar… e o amar pertence ao amava,

Esforço-me, esforço-me como se eu fosse um rio abraçado ao mar,

Enrolados, todos nós, eu o rio e o mar… enrolados ao teu sorriso,

E no entanto,

Não sei amar-te,

Nem por palavras,

Nem por desenhos…

E eu, e eu que não sou poeta,

Nem artista… como vou morrer,

 

Morrendo… sem o saber; amar-te!

 

 

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

Segunda-feira, 4 de Agosto de 2014

publicado por Francisco Luís Fontinha às 18:13

11
Jul 14

Não estavas,

levemente desapareceste nos panos húmidos da manhã,

sentia-se a brisa que regressava da montanha,

peguei na tua mão,

percebi que era de papel, percebi que era impossível segurá-la...

hesitei,

voltei a pegar,

a tua mão ardeu, e vi a cinza madrugada rolando calçada abaixo,

 

O rio absorveu-a, o rio absorve todos os corações sem nome,

levemente... deixou de haver manhã,

perdi a noção do meu corpo, perdi nas pálpebras da tua dor o meu sorriso...

fiquei carrancudo, absorto, como o granito esquecido numa rua sem janelas,

a pedra, e as flores...

absorvidas pelo mesmo rio que hoje alimenta o meu desejo,

não estavas,

e hoje tenho medo a todas as mãos de papel...

 

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

Sexta-feira, 11 de Julho de 2014

publicado por Francisco Luís Fontinha às 21:37

30
Jun 14

Regressei,

poisei o pé na gare comovida pelo meu sorriso,

olhei,

ninguém à minha espera,

... quem poderia esperar por mim!

havia pássaros ao redor,

havia flores no jardim contíguo à estação,

olhei,

e nem uma míngua lágrima clandestina a voar sobre o meu peito,

havia um cão desnorteado,

talvez recheado de fome,

pancada... e carente de amor,

 

Toquei-lhe,

olhou-me,

e acolheu-me até hoje,

 

Regressei,

trazia nos ombros as almofadas do cansaço,

tinha nas mãos o silêncio dos morcegos e envenenados pela insónia,

toquei-lhes,

olharam-me,

e acolheram-me até hoje,

hoje,

hoje tenho um cão,

e... e meia dúzia de morcegos,

o cão envelheceu, o cão... o cão parece os gonzos de uma porta peneirenta,

de uma porta sem saída,

e os morcegos... esses... também eles carentes de amor...

 

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

Segunda-feira, 30 de Junho de 2014

publicado por Francisco Luís Fontinha às 21:50

28
Jun 14

(para a amiga Sónia Lázaro)

 

O sol que constrói sorrisos,

o sorriso que desperta madrugadas,

o corpo que fascina os poetas...

um livro por escrever,

nas palavras inventadas,

 

A cidade incandescente,

a fogueira que arde,

e sente,

o cansaço do amanhecer,

 

O sol que constrói sorrisos,

o olhar que alicerça poemas,

os lençóis da insónia...

quando o mar alimenta o desejo de partir,

 

O sol... das pálpebras em movimento,

o sorriso solitário dos Invernos com sabor a Primavera,

o Sol... e os sorrisos,

e o amar suspenso nas mãos de uma gaivota,

… a gaivota saudade.

 

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

Sábado, 28 de Junho de 2014

publicado por Francisco Luís Fontinha às 14:17

12
Jun 14

foto de: A&M ART and Photos

 

Não acredito nos teus cabelos, são voláteis, são versos de amor encurralados numa vidraça estilhaçada,

 

Um dia, qualquer dia, todas as árvores do meu jardim se transformarão em desejo,

das suas folhas, cairão palavras,

coisas,

pedras,

cabelos, vidraças... todas... estilhaçadas,

 

Todas perfumadas,

não acredito, e tenho medo à noite vestida de insónia,

todas elas, todas mesmo..., um dia, qualquer dia..., cairão na tua mão,

como granizo envenenado pelo silêncio dos teus beijos,

como barcos defuntos no cemitério do prazer,

 

Não acredito nos teus cabelos,

e quando sinto a presença do teu corpo, percebo que não existe corpo,

apenas uma montanha de sombras,

apenas..., e nada mais do que isso, porque, porque tu nunca tiveste corpo,

porque..., porque tu não existes!

 

Se não existes,

se não tens corpo...

como poderás ter beijos em silêncio..., como?

 

Ah... e a tua boca?

Sem palavras, sem lábios, sem... sem comestíveis corações de papel,

ao jantar,

uma colher de sopa misturada com algumas insignificantes carícias...

e..., e uma flor semeada no teu ventre de cristal,

 

(Não acredito nos teus cabelos, são voláteis, são versos de amor encurralados numa vidraça estilhaçada)

 

Tínhamos cartas que os anos 90 engoliram numa tarde de Agosto,

nas folhas apenas alguns desenhos,

um alucinante odor a paixão,

e..., e tudo se perdeu, e tudo... tudo mesmo, morreu numa noite de Novembro...

Viva a solidão! Viva esta vida sem vida... Viva, vivendo, sem cartas com odor a “paixão”,

 

(ouvem-se sílabas de areias no teu olhar)

 

E a luz da minha biblioteca, ténue como as minhas mãos, despede-se de mim com um sorriso de incenso.

 

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

Quinta-feira, 12 de Junho de 2014

publicado por Francisco Luís Fontinha às 22:06

16
Mai 14

dizem-me os teus olhos

pequeníssimos lençóis de solidão

fios de seda em desejo coração

manhãs adormecidas e sem poiso

dizem-me os teus olhos

que há madrugadas quadriculadas

e amanheceres triangulares

dizem-me...

quando oiço o teu enfeitado sorriso brincando na calçada

e uma criança abandonada

aprisiona o teu olhar e me diz...

o que dizem os teus olhos.

 

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

Sexta-feira, 16 de Maio de 2014

publicado por Francisco Luís Fontinha às 21:27

Agosto 2020
Dom
Seg
Ter
Qua
Qui
Sex
Sab

1

2
3
4
5
6
7
8

9
12
13
14
15

16
17
19
20
21
22

23
24
25
26
27
28
29

30
31


Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

subscrever feeds
Posts mais comentados
mais sobre mim
pesquisar
 
blogs SAPO