Blog de Luís Fontinha. Nasceu em Luanda a 23/01/1966 e reside em Alijó - Portugal desde Setembro de 1971. Desenhador de construção civil, estudou Eng. Mecânica na ESTiG. Escreve, pinta, apaixonado por livros e cachimbos...

21
Jun 14

Diga-me Senhora, qual é a cor do seu perfume!

Que odor é este, que sabor tem na sua boca,

a lume, ciume,

diga-me Senhora,

de que sanzala é oriunda,

e louca,

que loucura habita no seu olhar,

será ternura?

Será... será o verbo amar...

Ai minha Senhora,

que cansaço desenhar nos seus lábios a mandíbula adormecida,

tão linda, tão... tão querida,

 

Diga-me Senhora, qual é a cor do seu silêncio!

 

Que palavras são estas que vagueiam no seu corpo desnudo,

que seios são esses, de algodão, que se transformam em poesia,

quando da noite vem o homem mudo,

e se veste de alegria,

 

Diga-me Senhora, qual é a cor do seu silêncio!

 

Ai Senhora, como são lindos os seus beijos,

como são belas as suas coxas de madrugada,

minha Senhora, diga-me... diga-me como é viver no seu peito...

porque eu, eu não tenho jeito...

porque eu, eu sou uma jangada,

perdido nos Oceanos desejos,

 

Diga-me Senhora, qual é a cor do seu silêncio!

 

Que tempestade é esta, que força me puxa para os seus braços...

diga-me, diga-me por favor...

diga-me como são os seus anseios, e se existe em si uma janela por abrir,

diga-me Senhora, diga-me quem é o usufrutuário do seu amor,

e de que cor,

e o odor,

dos seus abraços,

… em... em flor.

 

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

Sábado, 21 de Junho de 2014

publicado por Francisco Luís Fontinha às 21:52

04
Nov 13

foto de: A&M ART and Photos

 

sentíamos as toupeiras dos milhafres romperem as lágrimas tuas

das pequenas aldeias em flor

sentíamos os rios e riachos e ribeiras e ribeiros e o mar

o mar amar vagueando no peito de quem não dorme

sentíamos os telhados vergarem ao peso da claridade

e dos relógios envergonhados

sentíamos a escuridão da escravidão

debaixo das mesas do café com esplanadas entrelaçadas

havia abraços de palha

e mãos de hortaliça

tínhamos beijos na algibeira

e fumávamos livros de poesia

 

sentíamos os carros vagabundos trilharem a cidade dos Oceanos

víamos os barcos encalhados no silêncio da paixão

sabíamos que os candeeiros eram fictícios

e invisíveis como sempre o foram as volúpias pálpebras da sanzala encarnada

sentíamos o sangue cortejar os telhados em zinco

corredores da morte transformados em lojas de luxo

roupas angustiosas em corpos apodrecidos

mortos

sem sentido

e sentíamos o cacimbo mergulhar nos ossos da madrugada

rompiam as sombras com janelas de cristais de iodo...

e uma bala tracejante vomitava ais e uis junto a um charco de alegria

 

 

(não revisto)

@Francisco Luís Fontinha – Alijó

Segunda-feira, 4 de Novembro de 2013

publicado por Francisco Luís Fontinha às 23:44

11
Out 13

foto de: A&M ART and Photos

 

és construção fictícia

és palavra engasgada na frase da alegria

és foguetão rumo ao luar de Inverno

és o inferno

a saudade

és a infância

a vaidade

és uma canção mergulhada na maré

és o amor

a fé

a saudade

és a infância

a verdade

és a madrugada quando se extinguem as luzes do silêncio

és a calçada com pulmões de naftalina

carvão

és menina

és a paixão...

 

(não revisto)

@Francisco Luís Fontinha – Alijó

Sexta-feira, 11 de Outubro de 2013

publicado por Francisco Luís Fontinha às 22:38

01
Jun 12

Vivo num túnel de luz

embrulhado em rosas

vento

e abelhas feiticeiras

vivo entre as janelas

com fotografias para o mar

e ao final do dia

cruzo os braços e um finíssimo fio de tristeza

abraçado às palavras que nunca escrevi

 

palavras parvas

parvas sem coragem

palavras emersas em cinza

e palavras sem palavras

 

vivo

embrulhado em rosas

vento

e abelhas feiticeiras

 

vivo entre janelas

e um túnel de luz

com árvores de papel

e lábios de chocolate

 

e ao final do dia

cruzo os braços

e alguém encerra os cortinados da alegria

num túnel de luz.

 

publicado por Francisco Luís Fontinha às 19:47

21
Abr 12

Eternamente só

pensava eu quando da janela sem sorriso

me olhava a lua longínqua emersa nos silêncios da noite

todas as estrelas desapareceram do céu

e todos os lábios adormecem nas profundezas do oceano

à procura de barcos sem destino

 

(pensava eu eu)

 

eternamente só

dentro deste cubo de vidro

poisado nas garras da solidão

à espera que morra a manhã

que morra a tarde

e se faça noite

dentro de mim

ou não...

 

(pensava eu)

 

pensava eu que da janela sem sorriso

um finíssimo fio de alegria

se entrelaçava nos meus braços

e eu começava a voar

 

sem destino

à procura de barcos

e se faça noite

dentro de mim

ou não...

pensava eu.

publicado por Francisco Luís Fontinha às 10:54

10
Abr 12

Pensava eu que a noite me trazia

Mas o dia

Levou-me a alegria

 

E o que a vida me deu?

 

O que a vida me tirou

A alegria

Sabendo eu o que sentia

Quando a noite me trazia

A fantasia

No rio que morreu

 

(Pensava eu que a noite me trazia

Mas o dia

Levou-me a alegria)

 

Mas o dia…

Quem diria

Levou-me a alegria

 

E a noite adormeceu

No rio que morreu

E eu

E eu não sabia.

publicado por Francisco Luís Fontinha às 23:15

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