Blog de Luís Fontinha. Nasceu em Luanda a 23/01/1966 e reside em Alijó - Portugal desde Setembro de 1971. Desenhador de construção civil, estudou Eng. Mecânica na ESTiG. Escreve, pinta, apaixonado por livros e cachimbos...

26
Set 11

(descobri que existe uma mulher que gosta do que escrevo e a ela dedico este poema; à Sara)

 

Não me canso de brincar

Nos socalcos do douro,

E ver a amanhã a acordar

Nas finíssimas nuvens de ouro,

Não me canso de brincar

Com as pétalas da madrugada,

Não me canso de esperar…

A mulher amada,

 

Não me canso de brincar

Nos sonhos de criança,

Não, não me canso de acreditar

E ter esperança,

 

Não me canso de brincar

Com as gaivotas junto ao mar,

Não me canso e nunca me vou cansar…

De amar,

Não me canso de brincar

Nos socalcos do douro,

Não me canso de acariciar

O teu cabelo loiro,

 

Não me canso de brincar

Nas migalhas da alvorada,

Não me canso e nunca me vou cansar…

Dos lábios da mulher apaixonada.

publicado por Francisco Luís Fontinha às 22:51

08
Jul 11

O que espero eu da vida!,

O que a vida espera de mim,

Nada,

 

Um quarto de trigo de Favaios, a algibeira esvaziada no crepúsculo da tarde quando sobre os plátanos do jardim Dr. Matos Cordeiro emergem gaivotas à procura de mar, os barcos rabugentos, enferrujados, abandonados nas camas do Centro de Saúde, a doença é simples, diagnóstico velhice, cansaço da vida, quando a vida se cansa de nós, nos braços as dobradiças dos dias completamente entupidas de grãos de areia, o chilrear das noites quando as carcaças dos caixotes do lixo desaparecem no néon dos meses, o telefonema do amigo Delfim, paragem na escrita, a história suspensa, um café e dois ou três cigarros de amizade, regresso às palavras nauseabundas da tarde, regresso ao cansaço da tarde, o mar espera-me em Vila Real, e tenho medo das ondas, a maré entra-me pela boca desassossegada e na língua o seixo frio da serra, a sombra das árvores, os pássaros, o IP4 ziguezagueado nos vómitos do alcatrão, preciso de terminar, preciso de me despedir e as palavras absorvem-me, as palavras que prendem as minhas pernas, mas terei de estar às dezoito horas em Vila Real, penduro as palavras no cachimbo de água, e talvez na noite, talvez na noite voltem para a minha mão…

publicado por Francisco Luís Fontinha às 16:58

Agosto 2020
Dom
Seg
Ter
Qua
Qui
Sex
Sab

1

2
3
4
5
6
7
8

9
12
13
14
15

16
17
19
20
21
22

23
24
25
26
27
28
29

30
31


Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

subscrever feeds
mais sobre mim
pesquisar
 
blogs SAPO