Blog de Luís Fontinha. Nasceu em Luanda a 23/01/1966 e reside em Alijó - Portugal desde Setembro de 1971. Desenhador de construção civil, estudou Eng. Mecânica na ESTiG. Escreve, pinta, apaixonado por livros e cachimbos...

01
Out 15

Vagueio no teu corpo como se eu fosse um mendigo

Em busca de pão,

Paz

E desejo da liberdade,

Quando regressa a noite ao teu olhar

Todas as estrelas se suicidam no teu sorriso,

E as minhas palavras ardem nos teus lábios…

Vagabundo e apaixonado,

Mendigo e iletrado,

Pássaro,

Avião,

É tudo o que eu sou… em busca de pão…

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

Quinta-feira, 1 de Outubro de 2015

publicado por Francisco Luís Fontinha às 21:26

23
Mar 15

Os dias nefastos da melancolia

a palavra envenenada

na boca de uma caneta

triste

e só

o círculo do desejo

desenhado na ardósia noite do sonâmbulo beijo

os dias

do enforcado movimento pendular

contra a janela do meu quarto

as sombras

brincam nas almofadas da solidão

 

dás-me um beijo

e partes

como uma imagem

ao despedir-se e o vento a leva

sem perceber

que a morte

é o fim da fotografia

negra

encurralada nas ruelas do abismo

demoro-me

e negra

quando acordam os silêncios da Primavera...

 

 

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

Segunda-feira, 23 de Março de 2015

publicado por Francisco Luís Fontinha às 22:49

15
Mar 15

o engate suspenso nos anzóis da tarde

à mão

regressa a caneta da solidão

e há nuvens de papel nos olhos do poema

és livre

de voar

sobre os corações de xisto

que habitam as imagens a preto e branco

do Douro

navegar

subir ao luar

e,

 

e abraçar-se aos vulcões de areia

dos homens

e das mulheres

de sombra,

 

imaginar

desenhar nas entranhas pálpebras de amar

o silêncio do beijo

à janela

o mar avança e nos leva

somos dois

talvez...

três

o engate

à mão

suspenso nos anzóis da tarde

a tarde... a tarde dos farrapos de vidro...

 

 

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

Domingo, 15 de Março de 2015

publicado por Francisco Luís Fontinha às 22:35

06
Mar 15

O acrílico beijo

na tela do desejo

sem medo de perder

o acordar da madrugada

ele abre a janela

e percebe que afinal...

a madrugada é um fantasma

uma coisa de nada

sombras

silêncios

e

e abraços na escuridão

 

ela sabe que os dias morrem

e nas aldeias de granito

habitam pássaros de papel

coloridos

aventuras

sem destino

acorrentados aos gritos da caverna do adeus

ela sabe que os dias

poucos

nenhuns

absorvem a luz

disparada por um olhar invisível

 

e no entanto

o beijo transforma-se em fotografia

negra

como o poço da morte

na infância de uma cidade perdida

há nos seus lábios abelhas

e pincelados corações de pólen

e voam

poucos

nenhuns...

homens conseguem entranhar-se no seu corpo

e ela desaparece em cada avenida do sofrimento.

 

 

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

Sexta-feira, 6 de Março de 2015

publicado por Francisco Luís Fontinha às 22:27

03
Fev 15

Pintura_221.jpg

(desenho de Francisco Luís Fontinha)

 

 

O movimento helicoidal do beijo em silencio

o aço desperdiçado junto ao cais dos arrozais

barcos todos mortos

peixes...

nem ais...

âncoras de xisto galgando os semáforos da loucura

que só a cidade consegue alimentar

um desenho é amor

ou amam-se as palavras

e os cigarros improvisados

(pobres... não os há – dizem eles)

antes do dia acordar...

 

 

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

Terça-feira, 3 de Fevereiro de 2015

 

publicado por Francisco Luís Fontinha às 20:07

10
Jan 15

(desenho de Francisco Luís Fontinha)

 

 

Esta noite desconhecida

quando há palavras que se entranham no meu peito

estas veias onde correm avenidas

e gajos sem jeito

e néones travestidos de solidão

esta noite

a tua noite

sem janelas

sem... sem entardecer

e no entanto

sou laminado pelos teus lábios

incandescentes

 

a arder...

 

esta noite

vou voar no teu silêncio

(se ainda existir em ti silêncio)

caminhar na neblina

como se eu fosse um fio de luz

em translação

as cinco primeiras pedras do amanhecer

cinco apenas

nas palavras estonteantes

mergulhadas em cubos de gelo

e...

e... cabanas de porcelana.

 

 

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

Sábado, 10 de Janeiro de 2015

publicado por Francisco Luís Fontinha às 22:56

22
Dez 14

(desenho de Francisco Luís Fontinha)

 

 

Um tentáculo de gelo beija os teus lábios

desce do teu olhar a lágrima de fogo

que vai incendiar o meu peito...

há vozes desorganizadas em revolta

há crianças que esperam o regresso do circo

e a cidade se transforma num manicómio com paredes de vidro,

 

O sino da Igreja grita

chora...

o vento despede-se dos cabelos brancos em desalinho

são horas da cidade adormecer

correr os cortinados do destino...

e talvez amanhã, alguém... consiga destruir o manicómio com paredes de vidro.

 

 

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

Segunda-feira, 22 de Dezembro de 2014

publicado por Francisco Luís Fontinha às 20:45

03
Dez 14

Inventei-te numa noite de solidão,

escrevi o teu nome fictício numa muralha de xisto

que a tempestade tombou,

havia no teu olhar socalcos cansados

e vinhedos sombreados

de... paixão...

 

Havia na tua mão

uma carta por escrever,

e lá dentro...

um beijo,

um beijo desenhado no meu sorriso

com lágrimas de sofrer,

 

Inventei-te numa noite de solidão,

abri os cortinados e olhámos as estrelas de papel crepe...

havia luar nos teus cabelos

e neblina cinzenta nas tuas pálpebras de adormecidos rochedos,

e quando me abraçaste... a cidade morreu,

como morreram todas as cidades onde habitámos,

 

hoje, somos dois esqueletos vadios...

vagueando pela embriagada poesia de um louco,

dois pássaros sem árvores para poisar...

hoje, somos dois esqueletos vadios... sem Oceano para navegar,

e esperamos,

impacientemente que acorde a madrugada.

 

(e hoje... nada me apetece escrever...)

 

 

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

Quarta-feira, 3 de Dezembro de 2014

publicado por Francisco Luís Fontinha às 22:58

07
Nov 14

O fantasma espelhado da tua voz

caminhando na lareira do desejo

um cortinado de luz em direcção ao nada

tristes são as tuas palavras

acorrentadas ao silêncio

o falso destino

as imagens melódicas dos teus lábios

voando no vulcão da saudade

e da cidade regressam a mim os tentáculos espinhos de aço

que se alicerçam no meu peito...

a dor imaginária quando sei que a tua sombra se confunde com a madrugada

ainda por nascer...

criança

criança desalmada

criança flor no jardim em chamas...

o fantasma espelhado...

alimentando todas as sílabas do cabelo invisível

palmilhando montanhas e searas nocturnas

subindo as escadas do sótão sem coração

e embriagado

beijo

o teu

o primeiro...

o último

fim...

fim...

como a vida de um homem nas margens de um rio.

 

 

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

Sexta-feira, 7 de Novembro de 2014

publicado por Francisco Luís Fontinha às 22:41

19
Ago 14

Cintilava na fragrância manhã o beijo desassossegado,

Tinha na algibeira alguns grãos de pólen,

Quatro ou cinco abelhas…

E um sorriso nos lábios pincelados com o desejo,

Havia no seu olhar uma pequena cabana,

Junto a ela… uma ribeira, e uma cama,

Cintilava na fragrância manhã o beijo…

Quando da montanha começaram a ouvir-se os sons poéticos da madrugada,

Toda a aldeia iluminada,

O beijo desassossegado… dançou, brincou…

E quando a mulher onde ele habitava foi à janela…

Viu… viu outros beijos iguais aos dela, correndo para o mar…

 

 

E,

E ela percebeu que todos os beijos desassossegados,

São caravelas,

São a saudade entranhada na fragrância manhã,

(Cintilava na fragrância manhã o beijo desassossegado,

Tinha na algibeira alguns grãos de pólen,

Quatro ou cinco abelhas…)

E um sonho para acordar!

 

 

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

Terça-feira, 19 de Agosto de 2014

publicado por Francisco Luís Fontinha às 21:45

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