Blog de Luís Fontinha. Nasceu em Luanda a 23/01/1966 e reside em Alijó - Portugal desde Setembro de 1971. Desenhador de construção civil, estudou Eng. Mecânica na ESTiG. Escreve, pinta, apaixonado por livros e cachimbos...

17
Nov 15

Tudo ou nada

Nada de tudo

Tudo de mim

Desde a árvore indefesa que me protege

E habita o meu jardim

Até ao rochedo invisível que caminha comigo

Quando cresce a noite

E adormece o dia nos teus olhos

Tudo ou nada

E nada tenho

De mim

Nada de tudo

Assim, como as flores que choram junto à minha lápide

E nunca perceberam o significado da palavra “chorar”

Tudo

Avassalador

Triste

Tudo consumido na fogueira da paixão

De nada ter

E de tudo perder

Tudo ou nada

Nada de tudo

Assim

De mim

Sem o saber.

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

terça-feira, 17 de Novembro de 2015

publicado por Francisco Luís Fontinha às 22:28

07
Jan 15

habitas no jardim descolorido da paixão

gritas às lágrimas envergonhadas de um pequeno sorriso

palavras

entrelaçadas

nas sombras clandestinas dos plátanos caducos

miosótis

minha flor

meu poema... minha canção de amor!

 

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

Quarta-feira, 7 de Janeiro de 2015

publicado por Francisco Luís Fontinha às 23:01

09
Dez 14

As manhãs são límpidas tristezas
Que só o vento consegue abraçar,
Parar no semáforo e olhar a rosa mais bela
Do jardim de transeuntes em movimento,
Tem no sorriso a bandeira da paixão
E nos lábios…
A doçura inseminada das palavras,
Do vermelho…
O verde verdade
Da esperança…
As manhãs são límpidas tristezas
Que vergam o frágil esqueleto da cidade,

Não tenho tempo para desenhar
A saudade na mão de quem me espera,
Não tenho vontade de abrir a janela
Deste quatro latas cansado,
As manhãs são límpidas tristezas
Que só o vento consegue abraçar,
São rosas transeuntes suspensas no mar…
São palavras ignoradas,
Sombras deitadas na estrada,
As manhãs
São… límpidas tristezas
Sem tempo para amar…





Francisco Luís Fontinha – Alijó
Terça-feira, 9 de Dezembro de 2014

publicado por Francisco Luís Fontinha às 22:23

16
Nov 14

as migalhas são pedaços de inveja

da miserabilidade dos enlatados caixões de porcelana

há sempre uma janela não encerrada...

há sempre uma porta sem saída

não iluminada

há sempre uma rua finíssima

tão fina como as fatias de poesia

que o poeta deixa num banco de jardim.

 

 

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

Domingo, 16 de Novembro de 2014

publicado por Francisco Luís Fontinha às 22:41

08
Out 14

Este edifício envidraçado

que não cessa de chorar

esta noite húmida vestida de mulher

que não se cansa de gritar...

este cansaço teu

esta rua sem ninguém

este espaço exíguo

que ofusca o teu olhar...

esta cidade recheada de mendigos

como eu

assim...

procurando abrigos,

este teu corpo engraçado

que ilumina a sanzala do adeus

este teu desejo premeditado

que se enforca na terceira árvore do jardim,

este edifício doente

triste

e com odor a solidão,

esta cidade que me sufoca

e arde

no meu peito desassossegado...

sem me dizer... sem me dizer que hoje não há luar,

falta-me o lugar

e a estrada para caminhar,

e quando encontrar o rochedo da dor...

parar

e me sentar.

 

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

Quarta-feira, 8 de Outubro de 2014

publicado por Francisco Luís Fontinha às 22:01

22
Ago 14

Há uma janela neste jardim da insónia,

um coração de palha com braços de aço,

um pássaro com vontade de amar,

há um vidro em estilhaços,

uma parede que ruiu...

há no olhar do amanhecer um falso sorriso,

uma rua em lágrimas,

em mim,

há uma janela, há uma janela com lábios de mar,

um paquete desgovernado...

tão triste, tão triste que não consegue olhar as amendoeiras em flor...

que habitam esta cidade enfeitada de amor,

 

Há uma janela com cortinados de dor,

uma cama suspensa nos rochedos de amar,

há um homem prisioneiro nas gaivotas de voar...

 

Há um solstício...

um cadáver vestido de sofrimento,

um velório, um velório de alegria,

há uma janela neste jardim da insónia,

um corpo mergulhado nas ervas daninhas...

uma multidão que grita,

e vomita...

palavras, frases, e árvores caducas,

há um jardim pertença de uma fotografia,

há um solstício...

em monotonia,

na janela da insónia...

 

 

Francisco Luís Fontinha - Alijó

Sexta-feira, 22 de Agosto de 2014

publicado por Francisco Luís Fontinha às 21:24

01
Mai 14

foto de: A&M ART and Photos

 

não o sei

às vezes desce sobre mim a voz do silêncio

o rio com mãos de porcelana

acorda

deita-se na nossa cama

chora...

olha-se ao espelho e grita

não o sei

e às vezes

pergunto-me porque há barcos em papel com coloridas manhãs de Primavera

e às vezes

não o sei

 

os sonhos sonhados quando a noite deixa de nos pertencer

as palavras escritas amadas e desamadas

e o palheiro da madrugada invadido pelos odores do jardim anónimo

não o sei

acorda

e às vezes

tantas vezes... meu Deus

percebo que há andorinhas com fome

e fome vestida de gaivotas

chora...

não o sei

porque vives escondida no meu peito.

 

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

Quinta-feira, 1 de Maio de 2014

publicado por Francisco Luís Fontinha às 19:39

24
Abr 14

Hoje sinto a falta da cor dos teus lábios,

do silêncio do teu olhar,

hoje sinto a falta do inseminado teu sorriso,

do pergaminho teu corpo...

escrito,

nu...

hoje sinto a falta do teu cabelo disfarçado de jardim,

sentado sobre uma lápide de saudade,

olhando o mar...

sonhando,

porque hoje...

hoje sinto a falta dos teus braços.

 

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

Quinta-feira, 24 de Abril de 2014

publicado por Francisco Luís Fontinha às 21:24

18
Abr 14

quatro bancos em madeira

um jardim em desassossego

três árvores

… duas belas mulheres

uma Primavera

com plátanos de brincar

quatro bancos em madeira

dois corpos em translação

quatro seios em rotação

… e duas belas mulheres

duas mulheres em solidão

quatro bancos em madeira e uma gaivota em papel

 

um barco com pálpebras de chocolate

um marinheiro vestido de vampiro

duas belas mulheres

e quatro bancos em madeira

percebem na insónia a sinfonia dos candeeiros com braços de prata

um jardim em desassossego

um Oceano desgostoso

triste...

tão triste como os fios de nylon que aprisionam o sexo dos pássaros

uma Primavera inventada pelo poeta dos farrapos amanhecer

senta-se nos quatro bancos em madeira...

… acaricia as duas belas mulheres e as três árvores

 

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

Sexta-feira, 18 de Abril de 2014

publicado por Francisco Luís Fontinha às 21:07

02
Mar 14

foto de: A&M ART and Photos

 

Há asas pinceladas nos teus verdes olhos de andorinha,

uma colmeia de palavras emerge da solidão nocturna,

há de ti as marés envergonhadas, tristes, marés... marés dos telhados de vidro,

sinto-te cambaleando sobre as nuvens cinzentas das janelas amarelas,

o jardim deixou de sorrir,

e partiu em direcção ao mar,

o amor de ti em mim... sem mim, uma coisa estranha, amarga, diluindo as ditas palavras castanhas,

há asas pinceladas,

há asas a arder sobre os teus ombros de melancolia,

e sei que no fundo do mar, vives, dormes... e passeias-te nua como ventos de nortada,

acendo a luz da paixão, e ao meu lado apenas uma imagens de néon...

gemendo sílabas e bebendo carícias de madrugada.

 

 

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

Domingo, 2 de Março de 2014

publicado por Francisco Luís Fontinha às 20:47

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