Blog de Luís Fontinha. Nasceu em Luanda a 23/01/1966 e reside em Alijó - Portugal desde Setembro de 1971. Desenhador de construção civil, estudou Eng. Mecânica na ESTiG. Escreve, pinta, apaixonado por livros e cachimbos...

18
Jan 16

Este amontoado de sucata que apelidaram de corpo

Enferrujado como os ventos que assombram a montanha

Encurralado nos rochedos desde o amanhecer

Até ao sol-posto,

Não quero querer

Que este corpo pertence à geada

Que este corpo é feito de velhos papeis e ossos em poeira

Esquecido numa velha calçada,

Não quero querer

Que este corpo brincou na eira

E hoje faz-se transportar pelas palavras envenenadas

Entre marés de sono e noites cansadas,

Ai… ai este corpo amontoado de sucata amordaçada

Vivendo da escuridão da cidade

Sem janelas para o mar

Sem vida, sem idade,

Este amontoado de sucata

que apelidaram de corpo…

não é de prata

nem sequer oiro maciço…, mas é o meu corpo, o corpo de matar!

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

segunda-feira, 18 de Janeiro de 2016

publicado por Francisco Luís Fontinha às 20:39

01
Dez 15

Há no silêncio

Uma finíssima fresta de solidão

A forma geométrica do amor

Esquecida na ardósia de uma velha escola

Alguns beijos

Alguns sorrisos suspensos nos finais de tarde

Junto ao rio

Sem remetente,

 

O ausente complicado e perplexo corpo de espuma

Vagueando nas montanhas da paixão

Tenho dentro de mim uma ribeira

Com braços de saudade

Que nem o tempo consegue apagar

Que nem a tempestade sabe o seu verdadeiro significado

De tudo… e de amar

No silêncio a solidão.

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

terça-feira, 1 de Dezembro de 2015

publicado por Francisco Luís Fontinha às 22:49

19
Ago 15

Uma equação morre no quadriculado papel da insónia,

Tenho parábolas entranhadas no peito,

Acaricio o foco…

Abraço a directriz,

Aos poucos sinto os traços do amor entre lágrimas de giz

E pedacinhos de ausência,

As curvas planas deambulam sobre o meu cabelo,

Oiço o ranger da madrugada

Na algibeira de um ardina,

As palavras… voam em direcção ao mar,

Uma cigana lê-me a sina…

Coitada… coitada da geometria

Cravada no silêncio da vida,

Coitada da cigana… embrulhada na sombra de uma triste avenida,

Coitado de mim…

Esquecido numa seara de incenso,

Penso,

Não penso,

Sinto em ti o difícil sorriso caindo do alto da montanha,

Ela, a cigana, corre, corre… e ninguém a apanha,

Estou farto da poesia,

E dos sonhos encastrados aos rochedos do medo,

O sono fugiu de mim,

Partiu para outro continente…

Não me levou,

E fiquei só,

Com esta equação no quadriculado papel da insónia…

Vivo,

Respiro,

E fumo… e fumo noites de agonia.

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

Quarta-feira, 19 de Agosto de 2015

publicado por Francisco Luís Fontinha às 21:42

25
Mai 15

O corpo morre

Embrulha-se nas palavras

E foge

Caminha na ausência do amanhecer

Senta-se

Abre um livro

Saboreia o poema

E sem o saber

O corpo

Levita

Saltita na montanha

Até o dia nascer,

 

Até o dia morrer…

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

Segunda-feira, 25 de Maio de 2015

publicado por Francisco Luís Fontinha às 19:48

28
Fev 15

Não penso

não imagino as palavras semeadas nos relvados da saudade

não penso

não durmo

acreditando nas marés de vidro

descendo da montanha

imagino...

riscos suspensos na alvorada

crianças de luz gritando pela liberdade

e nada

nem ninguém

nas ruas desta cidade.

 

 

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

Sábado, 28 de Fevereiro de 2015

publicado por Francisco Luís Fontinha às 20:38

26
Nov 14

A mecânica do esqueleto de pedra

em movimento uniformemente acelerado,

no abismo das amendoeiras enlouquecidas

adormece um sorriso cansado,

triste,

porque habitam nos lábios de uma gaivota os desenhos embriagados,

a mecânica...

do sexo quando emerge das sílabas tontas o orgasmo da palavra,

deita-se na fina folha de papel não escrita,

branca como o silêncio... como o silêncio da mecânica...

que grita,

e chora nas encostas perdidas,

na montanha do Adeus,

brincam as crianças das planícies nocturnas do infinito,

descobrem o beijo num qualquer espelho sem nome,

e a cidade entra em ebulição quando uma janela se alimenta do cortinado colorido,

a mecânica... não sabe o que é o amor,

a física quântica alicerça-se ao esqueleto de pedra,

e as mandíbulas ínfimas de espuma...

correm nas veias do poeta,

tenho no meu quarto um veleiro ensonado,

sem bandeira,

sem... sem Nacionalidade,

como a saudade...

sempre desalinhada com os carris invisíveis da paixão.

 

 

 

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

Quarta-feira, 26 de Novembro de 2014

publicado por Francisco Luís Fontinha às 23:19

05
Out 14

Aqui, pareço um tresloucado corpo volátil,

um rochedo impregnado de saudade,

aqui, sou uma montanha sem árvores,

uma ribeira sem poesia,

aqui, pareço uma equação trigonométrica sem solução,

um círculo,

o quadro... semelhante a uma prisão,

aqui, todos os pássaros são loucos,

aqui, todas as mulheres são em papel crepe,

e voam,

e partem...

aqui,

aqui, há um rio sonâmbulo que apelidaram de “DOR”,

e não há barcos com olhos verdes...

porque aqui, aqui, eu pareço um tresloucado corpo volátil,

que espera o regresso das mãos trémulas do teu sofrimento...

 

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

Domingo, 5 de Outubro de 2014

publicado por Francisco Luís Fontinha às 19:44

04
Out 14

Em meu redor os grãos de areia do deserto,

as serpentes de vidro que trepam as árvores do meu quintal,

ao longe sei que existe uma praia,

morta,

triste,

embrulhada nos lençóis do sofrimento,

minto,

finjo sorrisos quando apenas são desenhos abstractos,

palavras amorfas e escritas por um louco,

e no meu corpo suspendem-se os tentáculos da dor,

um carrossel de chocolate que assombra os lábios do mendigo,

não sei porque existo,

porque minto,

porque vivo... porque me escondo...

e no meu corpo... a montanha do adeus em desespero.

 

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

Sábado, 4 de Outubro de 2014

publicado por Francisco Luís Fontinha às 21:42

15
Ago 14

Estes quatro caminhos térreos,

que descem o teu corpo de montanha argamassada,

os rochedos verdes que poisam no teu olhar,

como se eles fossem grãos de desejo a planar nos lábios do silêncio,

o fingimento das palavras quando a boca do inferno se cerra hermeticamente,

a chuva que se alicerça nos teus ombros,

estes quatros caminhos..., estes quatro caminhos sem nome,

perdidos nas tuas coxas de arame,

que descem,

que sobem...

ao cimo do luar,

esquecendo o triângulo equilátero do sofrimento...

 

 

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

Sexta-feira, 15 de Agosto de 2014

publicado por Francisco Luís Fontinha às 18:29

15
Jul 14

Imagino-me dentro de ti,

 

O sonho, o sonho invade a clarabóia das serpentes,

há uma montanha, uma montanha desenhada na rocha submersa da solidão,

imagino-me dentro de ti,

sentir o odor do papel amarrotado, triste...

cansado,

o sonho tem um nome,

vive dentro de um corpo anónimo, diluído nas asas de uma gaivota,

há um esqueleto em revolta,

faminto,

tão... tão desgraçado...

escreve, e das palavras se alimenta,

e vive, e sonha...

 

Imaginando-se dentro de ti!

 

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

Terça-feira, 15 de Julho de 2014

publicado por Francisco Luís Fontinha às 19:45

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