Blog de Luís Fontinha. Nasceu em Luanda a 23/01/1966 e reside em Alijó - Portugal desde Setembro de 1971. Desenhador de construção civil, estudou Eng. Mecânica na ESTiG. Escreve, pinta, apaixonado por livros e cachimbos...

10
Mai 14

O dia esconde-se entre os teus dedos e a sombra do veleiro com asas de papel,

do silêncio vento acordam as mangueiras de um quintal em pedaços de saudade,

e há corpos farrapos numa tela pastel,

 

Os teus lábios são cerejas voando sobre um Oceano de neblina,

parecem o rio quando se cansa de acordar,

os teus lábios são gritos de liberdade,

os teus lábios são os sonhos de uma menina,

 

O dia esconde-se nos teus dedos e há candeeiros de xisto saltitando na calçada,

sei que há palavras envergonhadas nos meus cabelos frangalhos, tristes... e velhos calendários,

o dia termina, o dia deixa de ser dia e procura a madrugada,

 

Há no teu olhar uma mágica fechadura com janelas de cortinado envelhecer,

uma mão poisa no teu rosto varanda onde sentado um menino,

brinca com bonecas de porcelana,

brinca... brinca com o término do dia, brinca... brinca com a imaginária cama,

e eu, eu espero que acordem os teus braços com pulseiras de amanhecer,

e tudo acaba com o toque do sino,

 

A aldeia cresce na montanha,

e tu desapareces como nuvens de encanto tapando o Sol poesia,

o dia,

o dia já ninguém o apanha...

 

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

Sábado, 10 de Maio de 2014

publicado por Francisco Luís Fontinha às 20:03

27
Set 13

foto de: A&M ART and Photos

 

Acredito que o Sol voltará a brilhar nas íngremes encostas mergulhadas nos seios mendigos do rio mais belo do Universo, acredito que a chuva das vindimas transformar-se-á em pequenos balões de hélio sobrevoando as lâmpadas do silêncio como xistos em revolta, acredito que todas as grades em aço que cercam as prisões brevemente acordarão vestidas de botão de rosa, de muitas cores, e em pétalas poeira cintilando nas mãos tuas madrugada

Liberdade?

Liberdade...

Viver como um pássaro e voar como um barco cambaleando sobre as ondas sonoras dos poemas de AL Berto, do cimo da montanha e em pétalas poeira cintilando nas mãos tuas madrugada, ele revestido a prata, ele sorrindo, poisando o desejo sobre a mão dela,

Acredito que as nuvens vão ser de algodão, leves, leves como os círios da Igreja onde me esperas quando eu morrer, e sem lágrimas, e sem demandas... acreditarás que eu vou voar e que mais tarde... mais tarde nos encontraremos junto a uma mangueira, e sobre nós sombras de cacimbo e o latejo dos mabecos felizes por

Acreditares,

No futuro, na liberdade, nas grades em aço que transformar-se-ão em rosas, rosas, rosas com lábios encarnados,

Perfumadas pois então,

Nós

Felizes

E viveremos nas encastradas encostas da chuva em vindimas de pergaminho, ouvem-se os pais beijarem os filhos, vêem-se as mães acreditarem nas alegrias dos filhos, ouvem-se os arbustos despedirem-se do ferrugento barco em suspiros profundos

Fundeando há vinte anos..., afundam-se e gritam

Os outros,

Liberdade, acredito que as flores vão ser de papel, e que dos meus livros, e que dos meus livros acordarão todas as personagens que vivem em mim, estas há mais de vinte anos, e no entanto, não tão ferozes como as outras,

Tudo servia para comer,

O quê?

Tudo, tudo... e até as pedras acreditavam no medo...

O medo?

Em capa dura, do amarelo sobressai o peso de um corpo em ziguezague, sonolento, o título é em oiro futuro, e ele

Embrulhado em plumas de cetim

Acreditava que “O medo” não tinha medo,

Acredito que com a trovoada vêm as sílabas palavras com pele sedosa, e das caricias de uma gaivota, ele

Acredita,

Acredita que o mar é de todos, que o Sol iá nascer para todos

(enquanto hoje, apenas alguns dementes têm o prazer de o ver)

Nunca vi o Sol, não sei como é o Sol...

Mas acredito que existe, que vive, sorri...

(Perfumadas pois então,

Nós

Felizes

E viveremos nas encastradas encostas da chuva em vindimas de pergaminho, ouvem-se os pais beijarem os filhos, vêem-se as mães acreditarem nas alegrias dos filhos, ouvem-se os arbustos despedirem-se do ferrugento barco em suspiros profundos

Fundeando há vinte anos..., afundam-se e gritam

Os outros),

Não sabem que a chuva das vindimas é uma mulher nua abraçada a cachos de uva, em seu redor, um louco grita,

Acreditar,

E eu, que apaixonei-me pela chuva...

Acredito.

 

(Não revisto)

@Francisco Luís Fontinha – Alijó

Sexta-feira, 27 de Setembro de 2013

publicado por Francisco Luís Fontinha às 21:59

14
Set 13

foto de: A&M ART and Photos

 

existes porque eu quero que existas

choras

não porque eu quero que chores

abraças-me porque eu quero que me abraces

amas-me

não porque eu quero que me ames

existes

insistes

e não desistes...

choras porque há nuvens de azoto nas pálpebras do Sol

porque eu quero que tenhas asas

e que voes e que voes.., como uma gaivota em desejo

 

 

(não revisto)

@Francisco Luís Fontinha – Alijó

Sábado, 14 de Setembro de 2013

publicado por Francisco Luís Fontinha às 18:54

21
Ago 13

foto de: A&M ART and Photos

 

há um traço descontínuo que nos separa

nuvens que encobrem o teu olhar

abraços dispersos pela madrugada

há um traço descontínuo

um ruído ensurdecedor que acorda com o amanhecer

há um poster de uma mulher nua na paredes da tua insónia

descontínuos

as pernas e a sombra dos triciclos em madeira...

há uma casa dentro de uma estrada

rodeada por um fino traço descontínuo

há chuva

há crianças correndo e saltando as sebes do invisível

há uma menino especial

com dentes em marfim

há uma menino que dizem ser filho do sol

e do cacimbo...

há um traço de ti que é descontínuo...

 

 

(não revisto)

@Francisco Luís Fontinha – Alijó

Quarta-feira, 21 de Agosto de 2013

publicado por Francisco Luís Fontinha às 22:45

15
Jan 13

Vivíamos encostados aos muros do medo, e não sabíamos que do outro lado do muro crescia livremente o sol, e não sabíamos que do outro lado do muro brincava livremente a lua, e não sabíamos que do outro lado do muro havia nuvens de todas as cores, do outro lado do muro, não sabíamos

Que vivíamos como serpentes envenenadas pelas enxadas silenciosas das tardes de xisto, quando, que nunca soubemos que do outro lado do muro havia livros com palavras, que nunca soubemos que do outro lado do muro havia triciclos enferrujados com assentos de madeira apodrecida pelas chuvas que amansavam o rancor raivoso do capim livremente do

Outro lado do muro,

Faltava-nos a comida líquida, sólida ou gasosa, faltavam-nos os alicerces que não deixavam cair os edifícios que do outro lado do muro chegavam ao céu, e os pássaros determinados na coragem esquecida no terminal ferroviário ocupavam apenas os andares próximos do chão, pavimento encardido pela saliva dos habitantes com cabeça de serpente e espírito de dobradiça complicada, as portas de acesso pesadíssimas até dizer chega, ouvíamos as plataformas petrolíferas que meia dúzia de gajos inventaram fazendo-nos acreditar que tínhamos petróleo, e petróleo nenhum

Fome,

Raramente havia sol e os nossos corpos pareciam fachadas em ruínas, brancas, mortas, lilases às vezes, muita

Fome,

Raramente vivíamos, deixamos de viver, deixamos de comer, deixamos de dormir, deixamos de amar, deixamos

Outro lado do muro

Fome,

Deixamos de perceber quando era dia, deixamos de perceber quando era noite, deixamos de perceber que dentro da nossa carne existiam duzentos e seis ossos a que não sei a razão, porque nunca percebi, chamavam de

Esqueleto,

E perguntava-me,

E perguntava-lhes,

A fome sabes o que é, o que são esqueletos, o que são árvores, o que são pedras, flores sabes dizer-me o que é uma flor? Define-me o que é o amor

Um rio que corre em direcção à fome,

Outro lado do muro,

Ama-se, vive-se, chora-se de alegria, e grita-se de tristeza, do outro lado do muro sabem o que é o amor, do outro lado do muro sabem explicar-me porque voam os pássaros, ou

Porque amam as mulheres, os homens, os homens e as mulheres, as mulheres, e todas as nuvens de todas as cores, esqueleto,

E perguntava-me,

E perguntava-lhes,

“Vivíamos encostados aos muros do medo, e não sabíamos que do outro lado do muro crescia livremente o sol, e não sabíamos que do outro lado do muro brincava livremente a lua, e não sabíamos que do outro lado do muro havia nuvens de todas as cores, do outro lado do muro, não sabíamos”, e perguntava-lhes

Hoje, hoje vi uma luz cinzenta com um pontinho encarnado, sabes o que é?

Do outro lado do muro

É a paixão disfarçada de lanterna,

Dispo-te docemente silêncio de luz enquanto as jarras com as flores murchas que deixaste ontem sobre a mesa da sala respiram, pouco, mas respiram, dormem, soluçam publicamente como dois raios circunflexos que o amor traça na ardósia do teu corpo esquelético, apaixonado, os teus lábios com amêndoas em chocolate e café, as tuas mãos de plátano acariciam-me os ombros de linho que a avó Silvina fez propositadamente para mim, disfarçada de olhos verdes complicadas as montanhas do teu peito, dispo-te

Outro lado do muro

Fome,

E via, do outro lado do muro, um esqueleto de vidro abraçado a uma árvore de papel, que vivíamos como serpentes envenenadas pelas enxadas silenciosas das tardes de xisto, quando, que nunca soubemos que do outro lado do muro havia livros com palavras, que nunca soubemos que do outro lado do muro havia triciclos enferrujados com assentos de madeira apodrecida pelas chuvas que amansavam o rancor raivoso do capim livremente do

Outro lado do muro,

Havia amor livremente com havia árvores, como havia flores, pássaros, como havia lábios de desejo, havia, como havia nuvens de todas as cores, e havia

Livremente

O sol e a lua.

 

(texto de ficção não revisto)

@Francisco Luís Fontinha

Alijó

publicado por Francisco Luís Fontinha às 19:38

14
Set 11

Encostou-se às mimosas estacionadas junto às rochas e desceu vagarosamente o fecho-éclair das nuvens, começou a chamar por ele, Sai, Sai, Vem cá, Vem, mas o Sol não aparecia e com dois dedinhos afastou as espessas nuvens, procurou, procurou, procurou mas o Sol tinha desparecido,

 

Os dedinhos entre as estrelas e milhões de sorrisos espreitavam pela janela do tempo, as mimosas sacudiam silêncios e de vez em quando choviam pequeníssimas bolinhas de sabão, ele sorria, e não se cansando de procurar pensou que talvez fosse melhor colocar um anúncio no jornal, perdidos e achados, Procura-se o Sol, ofereço boa recompensa, e um desempregado ao ler o jornal depara-se com uma morada e um telefone e deslocou-se a casa da hipotética pessoa ou pessoas que procuravam desenfreadamente o Sol,

 

- Boa recompensa? Era mesmo isso que eu precisava e pelo Sol sou capaz de amealhar algumas notas de euro, algumas não, muitas,

 

Muitas vezes procuramos e não encontramos, colocamos anúncios em jornais, escrevemos na ardósia da tarde centenas de vezes Desenfreadamente o Sol, boa recompensa…

 

Bato à porta, aparentemente ninguém em casa, bato novamente e oiço uma voz sibilante mais parecendo um trovão nos fins de tarde de maio Quem É,

 

- Venho por causa do anúncio sobre o Sol,

 

Sol, qual Sol? Respondem-lhe de dentro da casa seminua da rua 3 de dezembro e número quarenta, e a voz sibilante a explicar que não colocou anúncio nenhum nem tão pouco sabe alguma coisa sobre o Sol Não coloquei nenhum anúncio nem tão pouco sei o que quer que seja sobre o Sol!,

 

- Mas aqui no jornal diz Procura-se o Sol, ofereço boa recompensa, contactar a rua 3 de dezembro número quarenta, e até tem o telefone,

 

Só pode ser engano,

 

- Engano? Andam a gozar com os desempregados, é o que é,

 

Encostou-se às mimosas estacionadas junto às rochas e desceu vagarosamente o fecho-éclair das nuvens, começou a chamar por ele, Engano? Deito-lhe a porta abaixo e o senhor já vai ver o engano, Duvida?,

 

As nuvens desenhavam no céu um semicírculo de fios de seda e ele com dois dedinhos ia afastando os finíssimos fios de luz, alguns deles enrolavam-se-lhe nos dedinhos pintados pelo fumo dos cigarros que engolia enquanto não chegava o comboio da madrugada, dos lábios o sabor a alecrim pendurado nas estrelas em milhões de sorrisos, e a madrugada ao mesmo tempo que se afastava da porta de entrada da noite sussurrava Estes desempregados são malucos… desesperados, Que Sol, procurar o Sol à noite?,

 

- Engano? Andam a gozar com os desempregados, é o que é,

 

A noite estica os olhinhos no sentido do relógio que a acompanhava no estreito pulso do cansaço, e não percebendo à primeira que horas eram, porque o mostrador estava embaciado pelo nevoeiro, olhou novamente Três da madrugada dizia a noite para as nuvens,

 

E ainda temos tempo, vamos deixar que o Sol durma mais algumas horas,

 

- Mas aqui no jornal diz Procura-se o Sol, ofereço boa recompensa, contactar a rua 3 de dezembro número quarenta, e até tem o telefone,

 

Pelo menos mais duas respondem as nuvens para a noite, e enquanto a lua cerrava o fecho-éclair das nuvens as mimosas começaram a abrir os bracinhos, umas esfregavam os olhinhos, e outras, outas brincavam com as pequeníssimas bolinhas de sabão…

 

(texto de ficção)

publicado por Francisco Luís Fontinha às 22:26

10
Jul 11

És muito bonita, sabias?

E o teu sorriso fascina-me

E os teus olhos me prendem

Às nuvens da manhã

 

Como a seda dos teus lábios

Suspensos nas horas intermináveis

Como a leveza das tuas mãos

No meu peito feito de espuma

 

O fino sémen do sol

Misturado no púbis do mar

Os teus braços que me prendem

E não me deixam afogar…

publicado por Francisco Luís Fontinha às 12:44

29
Jun 11

E se a água se evaporar,

E o mar ficar terra ressequida?

O sol na garganta de um buraco negro

E lá dentro nada

Silêncio e a sombra de Deus

E lá dentro nada,

Não a água do mar,

Não a terra ressequida,

Não a porta de entrada,

E se a água se evaporar,

E o mar ficar terra ressequida?

Os peixes pendurados nas árvores

E lá dentro nada

As espinhas na borda do prato

E lá dentro nada,

Não a água do mar,

Não a terra ressequida,

Não a janela de saída,

Não a casa sonhada.

publicado por Francisco Luís Fontinha às 21:58

21
Jun 11

Uma estrela.

Na garganta de um buraco negro, de escuro nada tem o buraco, a 3.800 anos-luz do ponto azul que somos, papou-a, saboreou-a, mastigou-a silenciosamente no frio escuro do Universo, e o professor Renato Las Casas,

- Buraco negro é uma “coisa” que de negro tem tudo, mas de buraco não tem nada,

Uma “coisa”.

E o que será esta “coisa”?, e se esta “coisa” papar literalmente o sol?, estamos fodidos, a luz extingue-se junto ao guarda-fato, ele deitado sobre a cama e no estuque penduradas estrelas, biliões de estrelas, biliões de planetas, biliões de dor de costas, espondilose e bicos de papagaio, poisa as mãos sobre o peito, e o sol a 149.597.871 quilómetros dos seus olhos, poisa as mãos sobre o peito e começa a contar estrelas, uma duas três, na décima ressona, dorme engajado, ele engajado, e o Padre,

- Voluntário nem para a tropa,

Sentido. O corpo balança com o vento. Direitaaa voolltaarrr. E cornos no pavimento.

Estatelou-se contra a “coisa”, entra pela “coisa” dentro, jornais, revistas, livros diversos, a “coisa” escura, a “coisa” junto às suas mãos, e as mãos deitadas sobre o peito, duas maminhas com luzes intermitentes, alternadamente, acende e apaga, terra à vista, as ondas mais altas que o pé direito do compartimento, e aos poucos ele engolido pela “coisa”, a “coisa” papa-o como se fosse cerelac,

- O menino dá, a colher encosta abaixo, rio, a babete empapada nas estrelas, que também elas, comidas pela “coisa”,

A luz acende-se.

E se esta “coisa” dos buracos negros nos papassem a todos?, aos poucos normaliza a respiração, puxa de um cigarro, o cigarro abraça-se aos lábios e percebe que tinha sonhado,

A “coisa” sumiu-se no escuro.

publicado por Francisco Luís Fontinha às 22:00

01
Mai 11

Na voz da ausência, estes livros que me acompanham nas noites de escrita, de nada servem, são indiferentes ao bater do relógio, quando às altas horas da madrugada, os segundos esquecem-se do tempo, e este, perde-se no limiar do esquecimento; os dias.

Ao fundo da rua, junto à casinha do ti Manel, a puta da burra desata-me a correr como se tivesse fogo no rabo. Eu bem que implorava, mas ela nada, não voltou, e até prometi levá-la a passear ao jardim do senhor regedor, mas nem assim, a puta, nada. Ela lá há-de vir, se quiser.

- Zé, bom dia!

Bom dia ti manel, bom dia.

- Passa algo?

A burra, ti manel, a burra. Desata-me a correr e nunca mais parou, parece que levava diabo, a grande puta.

Estou a divertir-me.

Se eu conseguisse desvendar todos os teus segredos, todas as tuas palavras impressas nesta pilha de papel espalhado pelo chão; o saco, finalmente era feliz.

Guardas nas tuas folhas os segredos que juntamente com a minha sombra, correm no percurso entre a saudade e o sonho. Guardas dentro de ti, os meus desejos, a minha dor, o meu sonho. Eu.

- Tem lume, ti manel?

Por diversas vezes tentei entrar dentro de ti, mas a saudade, o medo, fizeram com que tu me parecesses o sol a entrar pela janela, a beleza do teu sorriso, e nunca mais liguei ao que estava dentro de ti. Agora que tenho consciência que guardas os meus segredos, os meus sonhos, vou finalmente pegar em ti devagarinho, e folha por folha, ler o que nela escrevi, há não sei quantos anos. Há muitos.

Os meus poemas.

- Poemas?

Sim, poemas.

Pensavas que era alguma gaja descascada?

- Podia ser, porque não.

São quase 8:00 horas, e como vou agora encontrar a puta da burra, eu bem que dizia ao meu pai para não a comprar, mas comprou, e agora nem burra nem dinheiro. Estou fodido e o meu pai vai foder-me os cornos. E com razão. Mas também como ia adivinhar que a puta desatava a correr, sim como. Nem nunca mais a vi…

Poemas, sim, poemas.

- Se te fosses foder! Poemas…

 

Guardas de mim a saudade,

O momento de sentir-te dentro de mim,

Perdida,

Longe, e ao fundo, a triste vaidade

Do orgulho, esquecida

No banco de jardim.

Guardas de mim a saudade,

A luz dispersa no teu olhar,

A luz quente, o húmus da verdade

Encalhada no mar.

Guardas de mim a saudade,

Que eu guardo na minha mão,

Infeliz ou feliz, guardo a felicidade

No meu coração,

Viver a saudade!

 

 

 

(texto de ficção)

Luís Fontinha

Alijó

publicado por Francisco Luís Fontinha às 18:27

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