Fontinha – Setembro/2015
Atravesso esta cidade de olhos vendados,
Apenas tenho tempo para desenhar o cheiro das flores
E dos beijos que vagueiam nos jardins da infância,
Não tenho medo da noite
Nem das estrelas que brincam no meu cabelo…
Sinto as carruagens enferrujadas de um comboio descendo a Avenida,
Sentam-se junto a mim…
Puxamos de um cigarro,
E acreditamos no regresso das sanzalas
E dos musseques em finas placas de zinco,
Depois, depois vem o silêncio disfarçado de luar,
Não fuma, não bebe…
Apenas escreve nos nossos corpos…
Saudade,
E depois a saudade escrita
Transforma-se em homem,
Corre, brinca e sofre…
Até que a cidade dispara sobre ele uma bala envenenada…
E morre.
Francisco Luís Fontinha – Alijó
Segunda-feira, 28 de Setembro de 2015