Blog de Luís Fontinha. Nasceu em Luanda a 23/01/1966 e reside em Alijó - Portugal desde Setembro de 1971. Desenhador de construção civil, estudou Eng. Mecânica na ESTiG. Escreve, pinta, apaixonado por livros e cachimbos...

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Dez 17

O silêncio de espuma que embrulha o teu jardim, o banho imaginário nas traseiras da casa onde habita o teu jardim, o teu corpo é um esqueleto de veludo, fossilizado nos fantasmas da noite, regressa o mar, traz na algibeira as flores da madrugada, simples, magoadas, como as sentinelas da morte,

O ausentado menino dos socalcos de xisto, que brinca nas margens do rio envenenado pelas enxadas da insónia, tenho medo, tenho medo dos alicerces da dor quando do teu corpo apenas consigo observar estrelas e fumo…

Ao amanhecer,

A trovoada que abraça a parede granítica do sonho, o miúdo complexo em círculos no quintal infestado de Mangueiras e Mangas, e quando ele percebe, tem um papagaio em papel brincando entre os finos dedos, não chove, deixou de chover nesta terra, deixei de ouvir o cheiro da terra queimada, e o poço é cada vez mais fundo, observo-o, alimento-o, e sinto o peso das plumas nocturnas dos bares de Lisboa,

Ao amanhecer, os vidros das janelas rangem de frio, a lareira morta na esperança de acordar de madrugada, e o silêncio de espuma que embrulha o teu jardim, o banho imaginário nas traseiras da casa onde habita o teu jardim, cobertos por um finíssimo cobertor de geada.

 

 

 

Francisco Luís Fontinha

Alijó, 2 de Dezembro de 2017

publicado por Francisco Luís Fontinha às 22:23

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