Os soníferos morrem na tua boca adormecida,
Perdes-te na noite,
És uma tela vazia,
Branca,
Negra,
A fantasia…
Vejo-te sorrir
Como sorriem as amendoeiras em flor,
Sem nexo,
Sem amor,
Alimentas-te das sombras enfeitiçadas da cidade perdida,
Um petroleiro fundeia no teu peito,
Dá um grito,
E dorme,
Os soníferos morrem,
Como morrem todos os soníferos,
Como morre a noite,
E o rio engole-a,
Come-a,
E foge,
E voa,
E volta a morrer,
Renasce num qualquer jardim dos teus lábios,
Alicerça-se neles,
É firme,
É robusta,
Mas morre como morrem as minhas frágeis palavras…
Francisco Luís Fontinha – Alijó
Domingo, 14 de Junho de 2015