Os cabelos negros
Poisavam na tempestade da saudade,
Uma rocha adormecia na tua mão
Vinda do longínquo oceano…
Insaciável, indiferente à liberdade
Das cidades ardidas,
Os cabelos negros…
Em réstias de silêncio
Camuflados pela madrugada das sonâmbulas palavras,
Um cigarro abandonado,
Triste como eu…
Sentado nos teus lábios de chocolate,
Ele caminha e sente
O perfume da solidão
E os candeeiros da insónia…
Mas a liberdade… nunca morrerá,
Nem desaparece…
Dos finais de tarde junto ao rio,
Os cabelos negros
Poisavam na tempestade da saudade…
E me diziam que amanhã
Nascerá um poema no teu corpo,
Em revolta,
Na lâmina fina e húmida da felicidade…
Ele morrerá,
Ele morrerá acorrentado ao estrado do sono…
E só acordará…
Nas lágrimas dos cabelos negros.
Francisco Luís Fontinha
quarta-feira, 7 de Setembro de 2016