Esta arte,
Este povo no pedestal da saudade,
Dizem-me que há um desejo em tempestade,
Uma mulher que arde,
Uma mulher que arde… arde na lareira da vaidade,
Esta arte,
Estas cores pinceladas de veneno,
O beijo que assombra a árvore no vento ameno,
Uma mulher que arde,
Arde… no meu peito sereno,
Esta arte,
Este povo que teima em não se revoltar,
Dizem-me que há no mar,
Uma mulher que arde,
Arde… arde sem vontade de regressar,
Esta arte,
Que o meu corpo consegue transpirar,
Esta arte que não respira nas noites de luar,
Que arde…
Que arde… que arde sem parar,
Esta arte,
Que os musseques alicerçam ao cais dos afogados,
Meu povo… meus coitados,
Esta arte que arde…
E não vos deixa sossegados.
Francisco Luís Fontinha – Alijó
Quinta-feira, 31 de Julho de 2014