(desenho Francisco Luís Fontinha – Agosto/2015)
Deixou de habitar este corpo a paixão diabólica da alma sem destino,
Deixaram de escrever as palavras do vento estas mãos esfarrapadas,
Longínquas do olhar da madrugada,
O medo alicerça-se ao peito, as facas do silêncio grunham como as serpentes envenenadas pela noite,
O tédio quando esqueço a solidão e construo círculos de luz nos teus seios…
O teu corpo desabitado, encurralado nas cordas de nylon dos Oceanos mendigados,
E não consigo perceber o amor das flores desenhadas nos teus lábios perfumados,
Como nunca percebi o desejo em mim do estranho luar…
E este mar, meu amor,
Crucificado nas espingardas do coração abandonado,
Semeado nas searas do cansaço…
É triste, meu amor…
Deixar de habitar este corpo a paixão diabólica da alma sem destino,
É triste, meu amor…
Cair sobre mim o tecto do sofrimento junto ao Tejo,
E os Cacilheiros na minha boca… sufocando-me com o relógio enforcado nas pontes do Cacimbo fugindo do pôr-do-sol…
Francisco Luís Fontinha – Alijó
Sábado, 29 de Agosto de 2015