(desenho de Francisco Luís Fontinha)
quando as palavras semeadas no papel envelhecido
morrem
aquele que as escreve
despede-se
entre lágrimas e falsos sorrisos
um desenho insignificante
poisa docemente no vulcão da madrugada
sem mágoa
ou... ou paixão
abraça-se à noite dos tristes aconchegos
grita pelos sonhos
e... e em vão...
percebe que a vida é um triângulo de luz
voando nas ruas húmidas do desejo
tenho medo do silêncio
e do cansaço dos dias junto ao rio...
aquele que as escreve
despede-se
e parece um vadio
esmiuçando ossos e cigarros
ou... ou talvez não...
porque tem no corpo um vazio
um buraco negro recheado de insónias e imagens sem nome
como têm os pássaros nos prismas imaginados por uma árvore doente...
Francisco Luís Fontinha – Alijó
Terça-feira, 24 de Fevereiro de 2015