Os relógios enferrujados
encolhidos nas tristes alvenarias
as janelas escondidas...
no olhar da serpente
as estilhas adormecidas
nos pregos dentados
os relógios... os relógios encalhados
em rochedos rendilhados
o pólen de um olhar
semeado na escuridão
e os relógios sem fôlego
e os relógios... e os relógios sem pão
e a paixão?
matriculada nas putas avenidas
correndo
saltando... os muros embriagados dos ossos embalsamados
os relógios...
escrevendo na pele da solidão
horários enlouquecidos...
sem vontade de sonhar
sonhar a paixão?
há cadáveres perdidos
na eira da infância...
colchas de linho... suspensas nas árvores tombadas no chão.
Francisco Luís Fontinha – Alijó
Terça-feira, 28 de Outubro de 2014