O pecado que o amor confere à paixão
Impregnado numa imagem sem som
Dactilografada
Nos teus dedos
À tua boca
A minha boca
O barro incendiado pela alegria das campânulas de luz
Nu
O corpo
Seduz
O corpo seduz a alegria do poeta
Fugir não adianta
Não há sítio onde me possa esconder
Nu
O corpo
Seduz
Os homens
Tombando numa parada militar imaginada
Pelo silêncio da tua pele
O sangue fervilha na ribeira ardósia das cansadas sestas
Dentro de casa
O nome gravado na parede da sala
A falsidade manhã
Em despedida
Até mais… meu amor
O Tejo embriagado nas tuas sílabas de medo
Belém na minha algibeira
Tormentosa
E vazia
(as gajas não querem gajos tesos)
Eu sei
Meu amor
Que tínhamos encerrado as janelas do prazer
O café esperava-nos
E nunca percebi o teu cheiro
Cheiravas a incenso
Alguns livros
E àquele sorriso de inocência
Depois
A tempestade
A chuva disfarçada de má sorte
(as gajas não querem gajos tesos)
Eu sei
Meu amor
No eterno cemitério da fantasia
Sinto-o quando recordo a tua morte
E visito a tua lápide
Meu amor
Sem palavras
Fotografia
Esquecida entre uma cruz em madeira
Cabras
O pasto cinzento dos teus gemidos
Ele
Alicerçava-se aos carris do inferno
Beijavam-se
E extinguia-se o dia no sótão da literatura
Sabes
Meu amor?
Cansei-me das tuas cartas não escritas…
Francisco Luís Fontinha – Alijó
Quinta-feira, 16 de Abril de 2015