Nas asas do teu ventre construi caminhos incertos,
Percursos amestrados suspensos na solidão de um bar,
Um copo explode, e morre nos meus lábios…
Ai como eu gostava de pernoitar nos teus olhos verdes!
Escrevia cartas sem remetente,
Palavras sem significado,
Abstractas cidades nos rochedos da morte,
Quando as ruas absorvem as pontes da liberdade,
Amar-te-ei?
Não o sei…
Regressa a noite ao teu sexo,
Funde-se no luar a escuridão das tuas coxas,
E o poeta desalentado, morre, parte para o infinito,
Sinto no teu perfume a fragância da manhã,
Levanto-me tardíssimo, ao pôr-do-sol…
A voz levita nos planaltos da inocência,
Vive-se caminhando na tua sombra doirada,
Uma varanda de néon com vista para o jardim,
Vive-se no insignificante sorriso da distância,
Lá longe, aí vem o levante sonolento homem da infâmia…
E esconde-se na tua pele.
Francisco Luís Fontinha
Alijó, 20 de Maio de 2017