Os ossos envenenados pela paixão do desejo,
A poeira do cansaço
Entre envidraçados
E pilares de areia,
As lágrimas do incenso…
Fundeadas nos teus braços,
E não há maneira de acordar a madrugada,
Deito-me na cidade em lágrimas,
Sou absorvido pelos guindastes da solidão,
Os barcos,
O corpo sem coração…
Loucos
E poucos,
No calendário sem amanhecer,
Sinto-me um livro a arder
No centro do Tejo,
Sou abalroado pelos cacilheiros em papel,
Não tenho medo do silêncio,
E das casas sem telhado,
Não tenho medo das palavras
E dos desenhos não desenhados,
Os ossos
Masturbam-se no líquido pincelado do Adeus
Também ele… docemente
Envenenado pela paixão do desejo…
E amanhã
Uma cancela de sombra será derrubada,
Tomba,
E desaparece dos jardins onde poisam os teus cabelos,
E para quê?
O dizer
Sem o querer
Apenas porque estou sentado sobre um corpo sem coração…
E pum. Termina o dia. Apagam-se todas as luzes. E pum…
Docemente
Uma pomba dorme no parapeito da minha janela.
E pum.
Francisco Luís Fontinha – Alijó
Quarta-feira, 27 de Maio de 2015