Sinto o teu olhar
Nas madrastas canções de amar
O silêncio beijo escondido na tua boca
As palavras minhas
Percorrendo o teu corpo
A tua imagem melancólica
Nas vidraças dos rochedos
O segredo
O amor em segredo
Nas pálpebras do fugitivo
Amanhã não venho
Aos teus braços
Cansei-me das tuas alegres noites
Quando a sinfonia do orgasmo tricolor
Poisa docemente no Tejo
O amor
O amor sem compreensão
Que os orgasmos de lata
Cintilam
Nas árvores da saudade
Eu só
Esperando-te sem perceber quem és
Uma conversa em triângulos soníferos
Os fósforos
E os cigarros
Na aldeia da paixão
Mergulhar o teu corpo nos lençóis da tristeza
Acreditas?
Sempre
Amanhã
Outro dia
Outros homens
E outros barcos
O teu corpo polvorizado pelas pálpebras de cinza
O amor
Os beijos
As metáforas embriagadas nos cortinados da cama
Nua
Desfeita
Calibrada nos imperfeitos botões de rosa
Amo-te…
Como?
O sonolento poeta
Nas coxas da literatura
As canções
Os poemas
O teu corpo na minha cama
Sofrendo
Insónias e vapor de medo
Ao deitar
A fotografia da noite
Vivíamos debaixo de um cortinado de sémen
As cartas
E os telegramas
Infestados de viagens
E alegrias ruas do Rossio
Cais do Sodré
Putas à vez
Da cidade dos imbecis currículos de areia
Perco-me
Finjo
Nada
Morto
Nas palavras.
“Foder-te contra o espelho do infinito”
A vastidão das estrelas
Camufladas rosas de ensurdecer
Coloridas
No amanhecer
Voando
As gaivotas
No teu ventre…
Francisco Luís Fontinha – Alijó
Sábado, 4 de Abril de 2015