Não gosto destas mãos que me enlouquecem,
não gosto destes lábios que me entristecem,
dos fantasmas alicerçados no meu peito,
não gosto destes cabelos sem jeito,
submersos no sorriso do luar,
não gosto, não... não gosto destas coxas em flor,
desse distante mar,
não... não gosto que me chamem de... de amor,
Não gosto da sublimação que habita nesse olhar,
das magoadas luzes que engolem a cidade,
não gosto destas mãos que me enlouquecem,
não gosto destes lábios que me entristecem,
não, não me obriguem a amar,
quando... quando esse verbo é falsidade,
é vento,
na ponte em solidão das canções de acariciar...
Não gosto destes seios de neblina,
fictícios, de menina,
não gosto deste livros que ofuscam a minha janela,
não me deixam ver as gaivotas, não me deixam ouvir a voz da concertina...
não, não gosto destas tristes anedotas, destes esqueletos de metal,
não,
não gosto das ruas de fio dental,
que todas as noites invadem o meu coração.
Francisco Luís Fontinha – Alijó
Sábado, 28 de Junho de 2014