O sono
Do soalheiro destino da palavra
O inferno
E a cabana
No vulcão do silêncio
Procuro
E perco-me nas tristes luzes da cidade
Amar-te se existes
E só se ama quem existe?
Ou o amor é inexistente…
Procuro
Nos teus seios
A delapidada canção do desejo
Sinto
Nas pálpebras
O cheiro do teu corpo
O “tesão de papel” mergulhado na inocência
Das coisas
Dos coisos
A manhã imerge nas tuas coxas de assalariada
A esplanada
Vazia
Com livros
E poesia
E lágrimas
(crocodilo)
O amante da insónia
Sentado na cabeceira do adeus
Aceno-lhe
E penso
Não regresses mais
Meu amor
As canónicas carícias
Do calendário “Gregoriano”
As plantas solidificadas no beijo da mediocridade…
Não tenho imagens
Desenhos
Ou pontes de cansaço
O transversal esforço
Na cama
Em gemidos
Meu amor
Não
Não regressava mais
Sabia-o
Como sei que hoje são dois de Abril de dois mil e quinzes…
E mesmo assim
Desprezei-a
Como sempre o fiz
Entre paredes
A simbólica melodia
Nas calças do amanhecer
Amanhã
Não
Meu amor
Sabia-o
Sempre
Sabia-o
Como sempre o fiz
Entre paredes…
Francisco Luís Fontinha – Alijó
Quinta-feira, 2 de Abril de 2015