A tua ausência alicerça-se ao meu coração, penso em ti meu querido, recordo-me da tua mão entrelaçada na minha, víamos os barcos, brincávamos nas areias brancas do Mussulo, e perguntava-te
Porquê pai,
E perguntava-te a razão da saudade embainhada nos livros não lidos, e perguntava-te quando partias… e tu, e tu sorrias… sabias que partias, mas nunca mo disseste, covarde, medo de partires sem me avisar, isso não se faz, meu querido
Sentia a tua voz poisada nos meus ombros, pedia a Deus, eu teu filho Ateu, que me desse todas as forças possíveis e imaginárias para te proteger, desculpa, não fui capaz, também eu um covarde diplomado, poeta, sentinela da noite,
Isso não se faz, vais, não voltas, e deixaste de conversar comigo, covarde, partiste sem me avisar, foste, amanhã, amanhã nada, nunca, nunca acreditei na tua covardia, mas traíste-me
Foste, nada me disseste, deixaste-te ir… eu vi-te, lembras-te, meu querido,
Amanhã, meu filho,
Amanhã, amanhã meu querido…
Francisco Luís Fontinha – Alijó
domingo, 29 de Novembro de 2015