Só desisto depois do fim,
Não acredito que amanhã nascerá o Sol,
Nem sei se o Sol que me absorve,
Existe,
Ou é apena uma imagem entranhada no meu corpo,
Ignoro a bagagem,
E as árvores do teu jardim,
Sentávamo-nos junto a um rio recheado de paixão,
Entrelaçávamos as mãos como se fossem finíssimos fios de arame
Esquecidos na geada,
Há nossa volta…
Nada,
Apenas éramos mergulhados na forçada noite
Sem tempo para brincarmos no olhar emagrecido da solidão,
Vestia-me de barco,
Vestias-te de marinheiro,
E dançávamos até que um relógio de pulso cessava as palpitações da madrugada,
Nunca tínhamos fome,
Sede,
Nem uma Lisboa com rochedos em papel,
Ouvia-te,
Sentia-te,
Nada,
Há nossa volta…
Alguns minutos em desassossego,
Perdia a voz,
Perdias os lábios na minha boca…
(E amanhã,
Não sei se nascerá o Sol),
E nada,
Nada no livro que poisava na tua mão…
Francisco Luís Fontinha – Alijó
Quarta-feira, 24 de Junho de 2015