A náusea vagabunda da solidão,
Traz o medo na algibeira,
E uma pedra na mão,
Recorda-se das sílabas incendiadas pela paixão,
Desenha beijos no peito da madrugada,
Sente nos ombros os barcos encalhados nos rochedos de luz,
Dorme…
Sonha,
Inventa desgostos nos oceanos do medo,
Escreve,
Desenha,
Caixões de cartão sitiados nas arcadas da cidade,
E não sabe,
E nunca soube…
Porque sorriem as andorinhas na Primavera,
Um dia fugiu de casa,
Levando consigo alguns livros
E palavras para alimentar,
Os sonhos morreram no poço da tristeza,
Levou-os o vento,
E levou o corpo do feldspato…
E levou o corpo das manhãs de Inverno,
Sem destino ou sem lamento,
Ele,
Ele cansado,
Da vida,
Do viver sem viver,
E do sonhar… sem sonhar,
Fugiu de casa…
Mas todas as noites,
Aprece no seu quarto a fotografia da solidão,
E sem acreditar,
Acredita na paixão…
Francisco Luís Fontinha – Alijó
Sábado, 6 de Junho de 2015