Enquanto escrevo
Acredito no esboço do beijo
Deitado
Sobre o esquiço do cansaço
As palavras entre lábios de esperança
E bocas de amargura
Deitado
Submerso
Ele
Enquanto dorme
Submersa ela
Enquanto deambula na cidade
E vê nas sombras
A verdade
A mentira disfarçada de verdade
As lágrimas
No esconderijo do silêncio
Caminho desesperadamente sobre as pedras inanimadas da solidão
Não percebo o sofrimento
Nem… nem o reencontro de alguém
Com o espelho da madrugada
Não acredito
Em nada
Nada
Na
Da
Amanhã
As sílabas magoadas dentro de um livro escuro
A capa em cor de noite
Com pedacinhos de algodão
Lá dentro
Habitam pessoas
Casas
Ruas
Nuas
Nu
As
E amanhã
Caminho
O livro escuro
Encerrado
Para descanso do pessoal
Reabrimos…
Nunca
Nun
Ca
Os cigarros espalmados nos alicerces do passado
Não
Não sei
Talvez
O dia seja desejado
Ou…
Ou…
Deitado
Sobre o esquiço do cansaço
As palavras entre lábios de esperança
E bocas de amargura
E não consigo olhar o envidraçado olhar
Das gaivotas de espuma…
Francisco Luís Fontinha – Alijó
Sexta-feira, 24 de Abril de 2015