É tarde,
deixo a tangente perpendicular à noite e parto em direcção à solidão,
visto-me de equação diferencial,
e abraço-me à integral do sofrimento.
É tarde,
Regresso a esta casa difusa, fria, arrogante...
como um marinheiro esfomeado,
o sexo, a morte suspensa no espelho da dor,
é tarde, meu amor.
É tarde, neste quarto desassossegado.
As minhas mãos aleijam o teu rosto, e quando toco no teu cabelo... ele começa a voar,
é um pássaro inanimado, triste, sem vontade de amar...
é tarde, meu amor,
é tão tarde, meu amor....
neste quarto abandonado.
Francisco Luís Fontinha
25/02/2019