Lembro-me de ti.
Juntos ao rio das pedras cinzentas,
A aragem do teu cabelo saltitando entre as gaivotas,
Murmuravas as palavras do destino,
Sentada, junto a mim, uma rosa no peito adormecia,
E os teus olhos cor de amêndoa voavam na paisagem…
Lembro-me de ti.
Sentada.
Presos na minha mão todos os guindastes da insónia,
O medo,
No silêncio…
Sentada,
Junto a mim.
Lembro-me de ti,
E dos teus suspiros velejados pelos livros de poesia,
Unificados sejam todos os fins de tarde,
Quando pegava na tua mão e desenhava nela o sol da madrugada,
Junto ao mar,
A jangada,
O poema embriagado,
Só,
Junto a ti,
Sentada,
Junto ao rio…
Lembro-me de ti.
Todas as ervas daninhas embriagando os teus lábios de seda,
Desenhava o beijo no teu olhar, olhavas-me, criavas um sorriso na tarde, e descobríamos as tempestades da noite,
Tu, sentavas-te, no meu colo,
O medo,
O medo de amar-te sabendo que o amor é o mar enraivecido nos dias ímpares,
A jangada,
Junto a ti,
Sentada.
Francisco Luís Fontinha
24/02/2019