deixei de ouvir a tua voz
e os sussurros da madrugada
sento-me na tua ausência programada
enquanto o dia tem o seu término nas tuas mãos de fada
nos rochedos
as vírgulas da inocência
entre cigarros e medos
deixei de ouvir o teu olhar
nas paredes deste velho quarto sem janela para o mar
deixei de pertencer à vida
e às montanhas do silêncio
e aos abrigos da escuridão
este insignificante relógio de pulso
entre pulos e soluços
entre pedras
e terra fértil onde brincas em todos os finais de tarde
deixei de ouvir a tua voz…
junto ao Tejo.
Francisco Luís Fontinha
domingo, 3 de Julho de 2016