Minha lua encarnada
Subjacente aos lábios da madrugada
Doce manhã ao acordar
Sempre que o meu corpo sente
O cintilar da maré…
O sofrimento da alvorada
Minha lua
Meu amante desesperado
Nas ruelas íngremes da solidão
Minhas mãos ensanguentadas pela escuridão
Nos jardins suspensos do teu olhar
E deixei para ti o meu mar
E deixei para ti o meu coração
Desenhado numa rocha
Que a cidade absorve
Nas tristes e belas calçadas…
Minha lua encarnada
Meu silêncio de nada
Oiço do teu sorriso o sofrido amanhecer
Que em cada poema acordam
E se deitam
Como cadáveres de pano…
Como cadáveres sem viver.
Francisco Luís Fontinha
25/12/16