Não sei meu amor
Os dias
As horas
Segundos
De nada
Ausente
De ti
Quando a geada adormece no teu peito
Sacio as minhas mãos no teu corpo
Caem as folhas em papel do teu olhar
Sinto-me tão pequenino
Meu amor
Minúsculo
As veias
Os braços
Lábios teus de serpente envenenada
Envenenado dia
Amavas-me e eu não sabia
Hoje
Sei mas imagino que não o sei
Escrevo-te sem saber se existes
Não existes
Ou és como eu…
Nem existo nem existo
Aos olhos dos morcegos
A morte
Entranha-se em ti
Como a paixão derramou em mim um rio recheado de Cacilheiros
Putas
E drogados…
Hipnotizavas-me como se eu fosse um espelho em delírio dançando num quarto de vidro
Morro
Morro nos teus seios de veleiro de sono
Vagueando de porto em porto
De cidade em cidade
De equação em equação…
De equação em paixão
Cansei-me dos pássaros junto ao tejo
Cansei-me dos soldados de esperma descendo a calçada do adeus
E a cidade
Leva-me para a manhã invisível.
Francisco Luís Fontinha – Alijó
Terça-feira, 9 de Junho de 2015