E depois…
Vem o teu corpo que se transforma em mar,
Água salgada das lágrimas teu olhar,
E depois…
Os beijos congelados nos corredores da melancolia,
A saudade vestida de nada,
O sangue embriagado quando… e depois…
Vem o teu corpo,
Em mim,
De mim…
O eterno apaixonado sem destino,
Sem caminho
E perdido,
Eu,
Eu menino…
Sem palavras,
Eu,
Eu menino…
Ancorado ao teu sorriso,
Este meu corpo,
Um jazigo sem telhado
Na montanha da saudade,
Eu,
Eu menino…
Não desejado,
Quando vem o teu corpo que se transforma em mar,
As lágrimas,
Amar sem saber que o amor…
Nada tem para me dizer,
As lágrimas,
Sem saber que o amor são quatro letras rasuradas,
Dormem,
Sonham…
E estão vivas em todas as madrugadas,
Como eu,
Sofrendo,
Como eu…
Sorrindo das tardes amarguradas,
Como eu,
Sofrendo,
Nas noites desenhadas,
Em mim,
E de mim,
Todas as palavras não chegam para te dizer…
Amo-te,
Desejo-te,
Quero-te…
Dentro desta circunferência sem tino,
Só,
Triste,
Sonolenta cama dos abutres,
Desvairado sono na copa das árvores,
Amo-te,
Desejo-te,
Quero-te…
Este meu mau feitio,
Sem fechaduras ou janelas para o Tejo,
Não quero,
Não o quero…
O amor florido nas páginas de um livro,
Sofrido,
Emagrecido pelos anos perdidos…
Canso-me da poesia e do amor e da paixão… e do cubo
Esquecido numa ruela sem portas de entrada,
À noite sinto-te saltitando sobre mim,
A candeia sonífera da canção…
Não morre,
Não ama,
Não come o derradeiro pão,
Como o teu coro,
No meu corpo,
Em… em combustão.
Francisco Luís Fontinha – Alijó
Sábado, 3 de Outubro de 2015