foto de: A&M ART and Photos
Tocavas-me e eu sentia-te fervilhar nas minhas veias dilatadas,
embrulhavas-te nos meu seios de xisto como ventos desgovernados,
frívolos e cansados,
ouvias-me em pedacinhos gemidos... e ficava no cortinado, impregnado, um pequeno... um pequeno AI... sem sentido,
as sílabas estonteantes vagueavam no tecto da paixão,
cessavas-me as carícias e eu mais parecia um veleiro à espera do pôr-do-sol do que uma mulher em desejo,
depois... depois vinham as andorinhas, sorriam-nos os botões de rosa...e... e anoitecia em nós o amor das palavras,
tínhamos medo das estrelas,
e dos longínquos cadeados do silêncio sobre as nossas pálpebras de cogumelo,
acordavam as alegres melodias poéticas que vinham a nós em nuvens, pequenas abelhas... e anoitecia em nós o amor das palavras,
tocavas-me e eu sentia, queria... dizer-te que sou apenas uma mulher em fúria, uma mulher como os as mãos das amoreiras em flor... à tua espera.
Francisco Luís Fontinha – Alijó
Sábado, 8 de Março de 2014