há uma neblina cinzenta poisada no cansaço dos dias
emagrecem as horas e os minutos e os segundos
há uma imagem prateada com sabor a calendário submerso na solidão
os dias não são dias
e das noites
ouvem-se as tempestades indesejáveis do silêncio
há uma parede mergulhada nas tuas veias de cigarros envenenados
e oiço as tuas palavras ensanguentadas de dor
flores são pedaços de poema com asas de papel
gaivotas mórbidas que invadem as sílabas do sofrimento
há uma neblina de medo
e ele e ele é a tua âncora de xisto em fatias de néon que a cidade absorve
Francisco Luís Fontinha – Alijó
Terça-feira, 1 de Abril de 2014