As rosas são como o amor.
As de papel, claro,
Secam,
Folheio cada pétala,
E em pedacinhos de nada,
Fumo-as.
O amor arde,
Será que depois fico apaixonado?
Ou louco?
Será a loucura clonagem da saudade?
Ou será a saudade apenas o fingir que se ama…
Fico estonteante,
As rosas, em papel, depois de fumadas… enlouquecem as mãos do poeta.
A caneta de tinta permanente começa a lançar borrões sobre as palavras,
O resto das pétalas das rosas, como-as…
Como se fossem uvas,
Ou laranjas,
Ou tâmaras…
(fofam-se as tâmaras)
O amor é fumo, pedaços de cinza, morrão, papel queimado.
E no fim do dia, acabará o amor?
E se eu fumar o poema?
A cidade comer-me-á?
As rosas são como o amor.
As de papel, claro,
Secam,
Emagrecem,
E morrem.
Se as rosas morrem! O que acontecerá ao amor que é uma rosa em papel?
Os cromossomas,
As células loucas no pulmão da minha mãe…
Mas o amor… esse… vive… está lá…
Sentado sobre a mesa-de-cabeceira.
Ao lado tenho um livro de AL Berto…
Que mais poderia ser…
AL Berto.
O Pacheco é mais livro de secretária, de café,
Adoro tomar café com o Pacheco.
Sabes… puta que os pariu.
Francisco Luís Fontinha – Alijó
23/04/2019