(desenho de Francisco Luís Fontinha – Setembro/2015)
Este labirinto de asas entranhadas na soalheira tarde sem ninguém,
O corpo mergulha na eira granítica, ouvem-se os sussurros das paredes lapidadas pela mão do humilhado,
O sol deixou de sorrir,
Cerrou a boca,
Trocou o olhar com o luar,
Trocou a solidão pelo cansaço da náusea ambígua da claridade,
É fina a sua pele,
Gotículas de suor sobrevivem à chuva miudinha da noite,
As palavras escritas nas pálpebras da saudade…
Envelhecem,
E escondem-se no cinzento amanhecer sem horário,
Este labirinto de asas… sem ninguém,
Ausentes da madrugada,
Tristes como as folhas de uma árvore em busca da morte,
O vento leva-as para o outro lado da cidade,
Escurecem em ti os meus lábios viciados,
O humilhado deserto…
Acorrentado aos vapores do silêncio amedrontado pelas tardes sem ninguém,
Não preciso de nada…
Humilhado,
Ausentado,
Estou vivo,
Respiro…
E fumo os cigarros absorvidos pela paixão.
Francisco Luís Fontinha – Alijó
Quinta-feira, 3 de Setembro de 2015