Blog de Luís Fontinha. Nasceu em Luanda a 23/01/1966 e reside em Alijó - Portugal desde Setembro de 1971. Desenhador de construção civil, estudou Eng. Mecânica na ESTiG. Escreve, pinta, apaixonado por livros e cachimbos...

03
Set 15

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(desenho de Francisco Luís Fontinha – Setembro/2015)

 

Este labirinto de asas entranhadas na soalheira tarde sem ninguém,

O corpo mergulha na eira granítica, ouvem-se os sussurros das paredes lapidadas pela mão do humilhado,

O sol deixou de sorrir,

Cerrou a boca,

Trocou o olhar com o luar,

Trocou a solidão pelo cansaço da náusea ambígua da claridade,

É fina a sua pele,

Gotículas de suor sobrevivem à chuva miudinha da noite,

As palavras escritas nas pálpebras da saudade…

Envelhecem,

E escondem-se no cinzento amanhecer sem horário,

Este labirinto de asas… sem ninguém,

Ausentes da madrugada,

Tristes como as folhas de uma árvore em busca da morte,

O vento leva-as para o outro lado da cidade,

Escurecem em ti os meus lábios viciados,

O humilhado deserto…

Acorrentado aos vapores do silêncio amedrontado pelas tardes sem ninguém,

Não preciso de nada…

Humilhado,

Ausentado,

Estou vivo,

Respiro…

E fumo os cigarros absorvidos pela paixão.

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

Quinta-feira, 3 de Setembro de 2015

 

publicado por Francisco Luís Fontinha às 00:05

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