a metrópole sofre
chora e engana
todos aqueles que partem
a gente acostuma-se à ausência do corpo
na neblina incendiada pela escuridão
um vulto de luz…
caminha na minha direcção
pergunta-me pelo ausentado
o coitado
que partiu…
que partiu sem deixar rasto
ou migalhas no silêncio
e eu
preocupado
respondo-lhe…
não sei do coitado
ausentado
mas sei que ele partiu
numa noite embriagada de palavras
ruídos alguns…
e a madrugada sem a ver
a metrópole sofre
chora e engana
resigna-se apenas a um simples bilhete abandonado na porta de entrada
esqueço-me
perco-me
e eu
preocupado
sangrando sílabas
porque um dia
o coitado
do ausentado
partiu… e nunca mais foi encontrado
Francisco Luís Fontinha
quarta-feira, 1 de Junho de 2016