Blog de Luís Fontinha. Nasceu em Luanda a 23/01/1966 e reside em Alijó - Portugal desde Setembro de 1971. Desenhador de construção civil, estudou Eng. Mecânica na ESTiG. Escreve, pinta, apaixonado por livros e cachimbos...

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Jan 16

Este amontoado de sucata que apelidaram de corpo

Enferrujado como os ventos que assombram a montanha

Encurralado nos rochedos desde o amanhecer

Até ao sol-posto,

Não quero querer

Que este corpo pertence à geada

Que este corpo é feito de velhos papeis e ossos em poeira

Esquecido numa velha calçada,

Não quero querer

Que este corpo brincou na eira

E hoje faz-se transportar pelas palavras envenenadas

Entre marés de sono e noites cansadas,

Ai… ai este corpo amontoado de sucata amordaçada

Vivendo da escuridão da cidade

Sem janelas para o mar

Sem vida, sem idade,

Este amontoado de sucata

que apelidaram de corpo…

não é de prata

nem sequer oiro maciço…, mas é o meu corpo, o corpo de matar!

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

segunda-feira, 18 de Janeiro de 2016

publicado por Francisco Luís Fontinha às 20:39

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